quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Autoridades criticam serviços prestados pela Copasa


Em audiência na ALMG, políticos da Região Metropolitana de BH levantaram problemas de abastecimento em suas cidades.
Deputados fizeram críticas à qualidade dos serviços prestados pela empresa - Foto: Alair Vieira
O prefeito de São José da Lapa (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Francisco Fagundes de Freitas, afirmou que a Companhia de Saneamento do Estado (Copasa) “presta serviços de péssima qualidade” na cidade. Para a vereadora Adriana Alves Lara, da Câmara de Vespasiano (RMBH), “há falta de compromisso da empresa com o cidadão e não existe planejamento de ações”. Segundo o presidente da Câmara de Pará de Minas (Região Central), Marcílio Magela de Souza, “é comum a água chegar suja em muitas casas" do município. Todas essas críticas foram feitas à Copasa durante reunião promovida pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (7/11/12). O objetivo do encontro foi debater a qualidade dos serviços oferecidos pela companhia na RMBH e Região Central
Durante a audiência, a vereadora Adriana Alves exibiu fotos que indicariam a má qualidade da atuação da Copasa em Vespasiano. Algumas das imagens, por exemplo, mostraram o excesso de vazamentos nas ruas do município. “A água brota do asfalto em muitos pontos da cidade”, afirmou. Ela disse, também, que, recentemente, várias residências ficaram sem água por cinco dias. A vereadora demonstrou preocupação, ainda, com o reduzido número de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) no município. “A água é essencial, mas virou apenas questão de lucro, pela forma como o assunto é tratado em Vespasiano”, opinou.
O prefeito de São José da Lapa e o presidente da Câmara de Pará de Minas disseram conviver com os mesmos problemas relatados pela vereadora de Vespasiano. “As fotos exibidas refletem realidade semelhante vivenciada em nosso município”, afirmou o prefeito Francisco de Freitas. Ele contou, ainda, que, em muitas casas da cidade, só há água à noite. “Mas, mesmo assim, a conta chega alta”, criticou. Já Marcílio Magela, de Pará de Minas, pontuou que a empresa possui um lucro muito alto, se comparado com a qualidade ruim dos serviços prestados. “A Copasa precisa ter mais respeito com as cidades do Estado”, reclamou.
Lucro x investimentosPara o assessor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua/MG), Wagner Xavier, a Copasa tem “alta capacidade” para resolver, entre outros, os problemas de saneamento do Estado. Ele ressaltou, no entanto, que um dos maiores empecilhos da empresa é a falta de investimento social dos lucros angariados. “A população quer ter uma companhia que sirva para favorecer apenas seus acionistas ou prefere uma empresa que traga benefícios para o povo do Estado?”, questionou.
O gerente do Departamento Operacional Metropolitano da Copasa, João Andrade do Nascimento, defendeu o modelo de gestão da companhia, mas reconheceu algumas dificuldades que a empresa enfrenta. “Seria uma pretensão imensa dizer que não há falhas. Temos dificuldades enormes em ter uma cobertura com zero reclamação”, afirmou. Ele salientou que é importante descobrir onde estão os problemas, para poder corrigi-los.
Com relação à falta de abastecimento da água em cidades da RMBH, João Andrade contou que uma obra de interligação entre o Rio das Velhas e o Rio Manso, que estava prevista para ser concluída em outubro passado, deve resolver a questão. Ele afirmou, porém, que o índice de falta de água nas residências do Estado é menor que 3%. Ele argumentou, ainda, que, apesar das críticas recebidas durante a audiência, uma pesquisa feita pela Copasa mostra um nível de satisfação de mais de 80% na RMBH.
Deputados também questionam a eficácia dos serviços prestados pela Copasa 
De acordo com o deputado Rogério Correia (PT), autor do requerimento para a audiência, junto com o deputado Almir Paraca (PT), as reclamações relacionadas aos serviços oferecidos pela Copasa têm aumentado muito nos últimos anos. Ele acredita que há um “processo de privatização” em curso na companhia, o que levaria à piora da atuação da empresa no Estado.
O deputado Elismar Prado (PT) também criticou a falta de abastecimento de água em cidades da RMBH. Ele lamentou, ainda, a ausência do diretor-geral da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae-MG), e acrescentou que o Ministério Público estadual acatou, recentemente, denúncia de que a agência não cumpre o seu papel.
Já o deputado Antônio Júlio (PMDB) questionou a ausência de membros da direção da Copasa, devido à complexidade do assunto tratado na reunião. “A Copasa não pode se esconder diante dos problemas”, pontuou. Ele acredita que a companhia “não possui direção para encaminhar seus projetos”. Em sua opinião, não há, também, investimentos em alternativas para amenizar a falta de água em cidades da RMBH. 

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