Candomblecistas e umbandistas
promoveram reunião no Rio de Janeiro para debaterem perseguições de igrejas
evangélicas a religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé. As
denúncias são direcionadas especificamente ao recém-criado grupo Gladiadores do
Altar, da Igreja Universal do Reino de Deus. Na reunião foram apresentadas umas
séries de vídeos que, segundo eles, configuram ameaça à integridade física dos
praticantes das religiões afro-brasileira. ¨Tivemos um caso emblemático no dia
21 de janeiro de 2000 e, de lá para cá muitos outros, mas nada foi feito. Temos
que dar um basta nesta intolerância. A gente não suporta mais¨, explicou o
babalorixá Babá Pecê, coordenador nacional do Movimento Povo de Santo.
O caso ao qual Pecê se refere é
de Mãe Gilda de Ogum, que teve o terreiro invadido em Salvador por fiéis da
Universal no fim de 1999. A data de sua morte, por complicações cardíacas, em
janeiro de 2000, foi transformada em Dia Nacional de Combate à Intolerância
Religiosa
Como resultado da reunião
obtiveram uma vitória, com a decisão do Ministério Público Federal (MPF) na
Bahia de instaurar inquérito civil para apurar as denúncias de intolerância
religiosa que foram protocoladas pelo órgão na última segunda-feira, nas
capitais de todo o país, inclusive no Rio.
O procurador regional dos
Direitos dos Cidadãos na Bahia, Edson Abdon, disse que os Gladiadores do Altar
¨tem características perigosas¨ e por isso serão investigados. ¨Nossa obrigação
é proteger os pilares da integridade religiosa. A representação será
protocolada, distribuída, vai receber um número. Um procurador da República
será designado para atuar no caso¨, disse o procurador-chefe Pablo Barreto.
O MPF ainda não decidiu em qual
estado ficarão concentradas as investigações, se na Bahia, onde as denúncias
foram acolhidas, em São Paulo, sede da Igreja Universal, ou em Brasília. A
primeira medida a ser tomada deverá ser a convocação de uma audiência pública
entre as partes para buscar um acordo.
A Igreja Universal se colocou à
disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos e reiterou que preza pelo
respeito aos fiéis de todas as religiões. Em relação aos Gladiadores do Altar,
a ela garante se tratar apenas de um projeto pacífico de ensino religioso, nada
além disso.
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