segunda-feira, 30 de novembro de 2009

NAS PÁGINAS DA TEMPO


A maior revista do interior do Estado, a REVISTA TEMPO, comanda as vendas nas bancas de Montes Claros e nas cidades da grande Moc.
As paginas da edição que esta nas bancas traz a reportagem da reforma do casarão onde funcionou a Faculdade de Filosofia, na época da FUNM.
A reforma do casarão da Fafil foi também um dos temas da coluna da Feli, ambas retratadas pelo nosso blog.
Clique na imagem e confira.

ÁGUA DOCE NO DRAMA DA SEDE



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DINHEIRO SUJO - DA CUECA PARA A MEIA /quadro a quadro do esgoto político ¨democrático¨






Governador do Distrito Federal se defende e ameaça: "Se houver radicalização, vou radicalizar também, lá na frente"

O governador do Distrito Federal, o ex-senador José Roberto Arruda, se defende das denúncias contra ele e contra o seu governo, procurando desqualificar o denunciante, o ex-delegado Durval Barbosa e as provas gravadas que integram o inquérito da Polícia Federal que já está no Superior Tribunal de Justiça. A respeito do diálogo no qual teria discutido o pagamento irregular a políticos aliados, Arruda afirma que o diálogo "foi conduzido para passar uma versão previamente estudada". O governador disse que as gravações estão truncadas e comprometidas devido a defeito no equipamento de gravação. Negou que tenha intenção de deixar o DEM. Numa tentativa de evitar sua expulsão, o governador ameaçou: “Se houver radicalização, vou radicalizar também, lá na frente”.
BRINCADEIRA
Em Brasília, ontem, num debate, o senador Pedro Simon disse:
— É triste constatar que as denúncias que derrubaram o Fernando Collor hoje parecem brincadeira de criança frente ao que estamos vendo. Em vez de melhorar, as coisas andaram para trás.






O secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, ao ser informado sobre o vídeo em que aliados do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, oram após receberem propina, disse: "Essa cena eu ainda não vi e de certo modo foi bom ainda não ter visto, pois me sentiria revoltado", afirmou o secretário. Após receberem a propina, o deputado Rubens César Brunelli (PSC), o atual presidente da Câmara, Leonardo Prudente (DEM), e Durval Barbosa, ex-assessor de Arruda, oram. "Lamento que a religião esteja tão banalizada a tal ponto de as pessoas não a verem como serviço a Deus e ao próximo, mas como servir-se da fé e do próximo; isso é uma inversão total de valores", disse dom Dimas. Aliados do governador do Distrito Federal foram filmados recebendo dinheiro e guardando maços de notas em bolsas, bolsos, meias e até dentro da cueca.





FINANCIAMENTO PARA MOTO

A Caixa Econômica Federal lançou nesta sexta-feira (27) uma linha de financiamento para a compra de motocicletas por profissionais registrados que trabalhem com transporte remunerado de mercadorias e documentos. A linha especial terá R$ 100 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Por essa modalidade de crédito, anunciada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e pelo vice-presidente de Pessoa Física do banco, Fábio Lenza, o motoboy poderá comprar motocicletas novas, de fabricação nacional, de até 150 cilindradas e limite de preço de R$ 8 mil.

O empréstimo, de acordo com a Caixa, será limitado a 80% do valor da motocicleta, corrigidos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais 12% ao ano, para financiamento de 36 meses, e TJLP mais 18% ao ano, no caso de financiamento com prazo de 37 a 48 meses. As operações serão contratadas até 30 de junho de 2010 ou enquanto houver recursos disponíveis.

As motocicletas devem apresentar itens de segurança regulamentados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), como freio a disco, baú com reflexivo, colete e capacete. Também será obrigatória a contratação do seguro do bem. O profissional deve estar regulamentado para o exercício da profissão.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

NOVOS C.T.I.s INAUGURADOS NO NORTE MINEIRO



O Norte de Minas recebeu, nesta quinta-feira, 26/11, mais dois novos centros de tratamento intensivo (CTI), um em Taiobeiras e outro em Brasília de Minas, cada um com 10 leitos. Na última quarta-feira, 25/11, foi inaugurado o Centro de Tratamento Intensivo Deputado José de Castro Braga, no Hospital Moisés Magalhães Freire, em Pirapora, e, no próximo mês, serão inaugurados outros 10 leitos em Janaúba. Ao todo, são 40 novos leitos de UTI que vão reforçar o atendimento de urgência e emergência na região.
 Jerúsia Arruda
Assessoria de Comunicação Social
Gerência Regional de Saúde de Montes Claros
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais


LUTA PARA APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA

COMBATE A VIOLENCIA

Sancionada no dia 7 de agosto de 2007 e festejada como a maior conquista social sobre o tema, a Lei Maria da Penha chega ao Dia Internacional do Combate Violência Contra a Mulher, comemorado nesta quarta-feira (25), em meio a uma outra luta: a da sua efetivação como instrumento realmente eficaz para inibir e punir os diversos crimes de que são vítimas as mulheres dentro de suas próprias casas.
É preciso reforçar a luta contra o machismo, porque a lei depende das interpretações de juízes que podem não estar engajados na questão, principalmente neste tempo em que tanto se fala de direitos humanos, resumiu a mulher que dá nomea lei, a biofarmacêutica Maria da Penha Maia, hoje com 64 anos.

A   Lei de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Lei Maria da Penha) é resultado de mais de duas décadas de discussões e de insistência em tipificar os crimes que vitimam esposas, mães, filhas e avós no ambiente familiar. Seu exemplo emblemático é o caso de Maria da Penha, presa a uma cadeira de rodas desde 1983, quando o então marido, Marco Antônio Herredia, professor universitário, a atingiu com um tiro de arma de fogo. Pouco depois, tentou eletrocutá-la.

A partir deste caso, que se tornou simbólico principalmente depois que o criminoso conseguiu a liberdade depois de dois anos de prisão, a questão da violência contra as mulheres dentro de casa ganhou destaque no Executivo e no Legislativo. Mas os efeitos da lei, dizem as advogadas, promotoras e juízas envolvidas na luta pela real aplicação da norma, se diluem na cultura machista vigente no país desde os tempos da colonização.

Por iniciativa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, cerca de 100 juízes de diversos estados se reuniram durante três dias para participar do Primeiro Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica contra a Mulher (Fonavid), sob a presidência da juíza Adriana Ramos de Mello.

Esperamos que a lei seja efetivamente aplicada, que sejam criados mais juizados específicos, que são apenas 45 hoje, e que haja mais serviços de atenção mulher. A lei está em seu terceiro ano, mas ainda não tem efetividade, resumiu a juíza.

Sem dinheiro

A efetividade será alcançada com mais estrutura física em todo o país e mais pessoal, segundo Guacira de Oliveira, do Cfemea, organização não governamental voltada para os direitos da mulher e parceira da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) no planejamento e na execução de muitas ações.

Falta compromisso político para a efetivação da lei. Embora o Projeto de Lei Orçamentária enviado pelo Executivo ao Congresso aumente em 4% a verba para ações de enfrentamento da violência contra as mulheres, uma das prioridades do Segundo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), os recursos para o carro-chefe desta política foram reduzidos em 36%, reclama Guacira.

O carro-chefe a que ela se refere é o programa de ampliação e consolidação da rede de serviços especializados de atendimento às mulheres em situação de violência, que sofreu redução orçamentária de R$14,1 milhões e dependerá de emendas propostas por parlamentares ao Orçamento Geral da União.

Segundo ela, o corte atingiu todas as ações, exceto a Central de Atendimento Mulher (Ligue 180), que terá um aumento de 125% nos valores previstos, passando dos atuais R$2 milhões para R$4,5 milhões no ano que vem. O Ligue 180 recebe uma média diária de 3 mil ligações e sua extensão a todos os municípios é vista como essencial e barata, em função da tecnologia que o serviço exige.

A lógica é cortar no projeto do orçamento o que não foi gasto no ano e jogar para deputados e senadores a tarefa de propor emendas. Não se gastou o previsto porque a verba não foi liberada, e as emendas pessoais ou de bancadas estão sempre sujeitas ao jogo político do Executivo no Legislativo, critica Guacira.

Do total de 95 emendas deste ano para as ações relacionadas ao enfrentamento da violência contra a mulher no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), 77 não tiveram nenhuma execução.

Agência Brasil

OPOSIÇÃO SABIA QUE SERRA DEVERIA CAIR



O resultado da última pesquisa CNT-Sensus, divulgada na segunda-feira, reflete em números uma realidade que já estava presente há pelo menos dois meses nas análises e nos debates internos dos partidos de oposição. Essas análises justificaram as pressões de parcelas do PSDB, do DEM e do PPS sobre o candidato tucano com mais votos nas pesquisas, José Serra, para que ele decida até o final do ano se será o candidato a presidente da República pela coligação.

por Maria Inês Nassif*



As informações de dentro do bloco oposicionista já apontavam a tendência registrada na pesquisa CNT-Sensus trazida a público essa semana, cujos dados foram coletados entre 16 e 20 de novembro.

Moveram as pressões sobre Serra: o fato de os índices de intenção de voto em Dilma Rousseff, a candidata do presidente Lula e do PT, estarem subindo devagar, mas sustentadamente; a lenta e constante queda de Serra nas pesquisas de intenção de voto; a constatação de que a candidatura de Ciro Gomes (PSB) produziu, sim, estrago nas intenções de voto à oposição, em especial se o candidato for o governador de São Paulo; a percepção de que Dilma saiu de uma posição de fragilidade, logo após um traumático tratamento de saúde – durante o qual manteve pouca exposição pública e índices quase declinantes de intenções de voto – para outro, em que assumiu a sua posição de candidata e se manteve ao lado de Lula, caracterizando-se como aquela a quem os simpatizantes do presidente devem transferir o voto.

Uma ala do PSDB menos ligada a Serra e o DEM estão contrariados, mas de qualquer forma interessados em que a candidatura de oposição se resolva logo, equacione seus problemas originais e consiga retomar o Palácio do Planalto com a sustentação da mesma aliança que deu a vitória ao presidente Fernando Henrique Cardoso em duas eleições. Mas os dois grupos se ressentem de que a ausência, no cenário político, de uma candidatura efetiva da oposição tem dificultado até as tentativas regionais de articulação para subtrair apoios do PMDB, que será o principal aliado do PT nas eleições do ano que vem. O PMDB, como é tradição em todas as eleições, tem potencial de ir rachado para o palanque de Dilma. Se rachar muito, o apoio a Dilma pode ser derrubado na convenção e ela não terá o tempo de propaganda eleitoral gratuita do PMDB. Se rachar pouco, isso pode, ainda assim, subtrair votos da candidata governista. A ausência de um nome em favor do qual a negociação de traição possa acontecer, todavia, dificulta bem as coisas. O PT e seus aliados, pelo fato de terem uma candidata já definida e um grau reduzido de divisão, anteciparam-se também na articulação de alianças. Têm alguns palmos de vantagem em relação à oposição nesse particular.

Outros dados devem ser agregados a esses que mobilizam as pressões de Serra pelos seus aliados. A postulação de dois candidatos do PSDB e a concentração da decisão em apenas um deles pode produzir as mesmas fissuras das eleições passadas. Em 2006, a decisão de candidatura do PSDB ficou concentrada em Fernando Henrique, José Serra, Tasso Jereissatti e Aécio Neves. José Serra foi o escolhido, não quis correr riscos, abriu espaço para a postulação de Geraldo Alckmin e as principais lideranças praticamente abandonaram o candidato no meio do processo eleitoral. Não foi uma solução de unidade. Agora, com dois candidatos – Aécio Neves e José Serra -, a decisão se afunilou mais ainda: está nas mãos de Serra. Uma única pessoa deve decidir o rumo que grande parte da oposição vai tomar, com chances de não querer correr nenhum risco e decidir abrir espaço para Aécio Neves, mas entregar o partido rachado para seu adversário interno. Na hipótese de resolver ser candidato, Serra também pode não levar os votos dados a Aécio no segundo colégio eleitoral do país, Minas Gerais. Nenhuma das opções, pelo fato de a decisão se afunilar novamente, garante a unidade partidária – embora os demais partidos de oposição não tenham outra opção a não ser a de apoiar qualquer um dos dois pré-candidatos tucanos.

Maria Inês Nassif é repórter especial de Política do jornal Valor Econômico, onde este artigo foi publicado originalmente com o título "Decisão deve afunilar nas mãos de um só".


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

HOJE EM MOC ABERTURA DA FESTA DO PEQUI.




Com o eslogan O cerrado dá o presente. Nós fazemos a festa!, será aberta oficialmente hoje às 20h no Centro Cultural a 19ª Festa Nacional do Pequi. As atividades prosseguirão até o dia 29, próximo domingo.





O destaque da programação da Festa do pequi é o lançamento do livro Sapo na muda: meus amigos, meus mortos, meus caminhos tortos, do jornalista e editor do Jornal de Notícias, Luís Carlos Novais, o Peré. Também teremos a abertura da exposição de artes plásticas de Noélio de Oliveira e Doramar Domingues Junqueira.



A noite, dentro da programação, teremos a apresentação do cantor e compositor Jean Karlo que se lança em carreira solo, desta feita sem o Stradeiro. O show, às 21h, será no Armazém 565, na Avenida Sanitária.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Der Spiegel: Lula, “pai dos pobres”, provocou “milagre” no Brasil


“O Brasil é visto como uma história de sucesso econômico e sua população reverencia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um astro.” É assim, sem meias palavras, que a conservadora revista alemã Der Spiegel inicia, nesta quarta-feira (25), uma elogiosa matéria a respeito do Brasil sob o governo Lula.
O título da matéria resume bem a conclusão da revista: “’Pai dos Pobres’ provocou milagre econômico no Brasil”, De acordo com a publicação alemã, “Lula se impôs a missão de transformar o Brasil numa das cinco maiores economias do mundo através de reformas, gigantescos projetos de infraestrutura e a exploração de reservas de petróleo.Mas, ele enfrenta obstáculos”.

Confira abaixo a íntegra da matéria.
"Pai dos Pobres" provocou milagre econômico no Brasil

Por Jens Glüsing, na Der Spiegel


O Brasil é visto como uma história de sucesso econômico e sua população reverencia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um astro. Ele está na missão de transformar o país em uma das cinco maiores economias do mundo por meio de reformas, projetos gigantes de infraestrutura e explorando vastas reservas de petróleo. Mas ele enfrenta obstáculos.

Elizete Piauí aguarda pacientemente por horas à sombra de uma mangueira. Ela calça sandálias de plástico e veste um short largo sobre suas pernas finas. A 40ºC, o ar tremula neste dia incomumente quente na Barra, uma pequena cidade no sertão, o coração do Nordeste brasileiro. Mas Elizete não se queixa, porque hoje é seu grande dia, o dia em que se encontrará com o presidente, que está trabalhando para fornecer água encanada para sua casa.

O barulho de um helicóptero sinaliza sua chegada. A aeronave branca sobrevoa a multidão antes de pousar. Uma escolta de batedores acompanha o presidente até a cerimônia.

Lula sai da limusine vestindo uma camisa branca de linho e um chapéu militar verde. Ignorando os dignitários locais em seus ternos pretos, Lula segue direto para a multidão atrás de uma barreira de segurança. "Lula, Papai!", chama Elizete. Ele a puxa até seu peito e aperta a mão de outros na multidão, permitindo que as pessoas o toquem, façam carinho e o abracem. Gotas de suor correm pelo seu rosto corado enquanto pessoas o puxam pela camisa, mas Lula se deixa embeber na atenção. Ele se sente em casa aqui, em uma das regiões mais pobres do Brasil.

O presidente passa três dias viajando pelo sertão. Ele conhece a rota. Ele veio à região pela primeira vez há 15 anos, em campanha, viajando de ônibus e ficando hospedado em locais baratos. Ele fazia paradas em todas as praças, sete ou oito vezes por dia, geralmente realizando seus discursos na traseira de um caminhão. Sua voz geralmente ficava rouca e fraca à noite e ele tinha que trocar sua camisa suada até 10 vezes por dia.

'Ele ainda é um de nós'

Agora ele viaja de helicóptero e carros blindados, com os carros da polícia, com suas luzes piscando, abrindo o caminho ao longo das estradas. Voluntários montam aparelhos de ar condicionado e bufês nos aposentos de Lula, às vezes até mesmo estendem um tapete vermelho. A imprensa critica as despesas, mas isso não incomoda a maioria dos brasileiros, porque eles têm orgulho de seu presidente. Ele chegou ao topo, eles argumentam, então por que não desfrutar de seu sucesso? "Ele ainda é um de nós", diz Elizete, "porque ele é o pai dos pobres".

Lula está familiarizado com o destino dos nordestinos pobres do Brasil. Ele nasceu no sertão, mas sua mãe colocou seus filhos na traseira de um caminhão e os levou para São Paulo, 2 mil quilômetros ao sul. A posterior ascensão de Lula ao poder começou nos subúrbios industriais de São Paulo. Sua mãe foi uma das centenas de milhares de pessoas carentes que deixaram o sertão atormentado pela seca, com seus campos ressecados e animais morrendo de sede, e migraram para o sul mais rico, para trabalhar como porteiros, garçons, operários de construção ou empregados domésticos.

Em um plano para tornar verde esta região árida, Lula está explorando as águas dos 2.700 quilômetros do Rio São Francisco, um rio vital para grandes partes do Brasil. O rio fornece água para cinco Estados, mas ele faz contorna o Sertão. Segundo o plano de Lula, dois canais desviarão água do rio por 600 quilômetros até as áreas atingidas pela seca. "É o mínimo que posso fazer por vocês", Lula diz às pessoas na Barra.

Projeto controverso

O megaprojeto, que exige a superação de uma diferença de altitude de 200 metros, tem um custo estimado de R$ 6,6 bilhões. Lula posicionou soldados na região para escavar os canais. Oito mil trabalhadores labutam nos canteiros de obras enquanto tratores e escavadeiras movem a terra pela estepe. Se tudo correr bem, 12 milhões de brasileiros se beneficiarão com o projeto de transposição de águas, que deverá ser concluído em 2025. É o maior e mais caro projeto de Lula, assim como provavelmente seu mais controverso.

Aqueles que o apoiam comparam Lula ao presidente americano Franklin D. Roosevelt, que represou o Rio Tennessee nos anos 30, para fornecer eletricidade à região, e que lançou o New Deal, um imenso programa de investimento para superar a Grande Depressão. Mas os críticos veem a obra como um imenso desperdício de dinheiro. O projeto também atraiu a ira dos ambientalistas e até mesmo o bispo da Barra já fez duas greves de fome contra ele. Ele teme que o projeto de transposição das águas secará ainda mais o rio, alegando que a irrigação beneficiaria principalmente o setor agrícola.

O bispo não está presente. Dizem que ele está participando de reuniões fora da cidade. Na verdade, o religioso está mantendo discrição. As críticas ao presidente são desaprovadas por sua congregação. Lula fala a linguagem das pessoas comuns, contando histórias de sua juventude aos seus simpatizantes, histórias dos tempos em que sua mãe o enviava para buscar água e ele voltava para casa equilibrando um balde pesado sobre sua cabeça. Ele tinha cinco anos na época.

O Brasil já foi chamado de "Belíndia", um termo cunhado por um empresário que via o vasto país como uma mistura entre a Bélgica e a Índia, um lugar com riqueza europeia e pobreza asiática, onde o abismo entre ricos e pobres parecia intransponível. Lula foi o primeiro a construir uma ponte entre os dois Brasis.

Agora ele é tanto o queridinho dos banqueiros quanto ídolo dos pobres. Com o chamado presidente operário no comando, o Brasil está atraindo investidores de todas as partes do mundo. Jim O'Neill, o economista chefe do Goldman Sachs, inventou a sigla Bric para as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia e China, prevendo um futuro brilhante para o gigante sul-americano. Mas seus colegas zombaram dele. A China e a Índia certamente tinham perspectivas, mas o Brasil? Por décadas o país era visto como um gigante acorrentado, atormentado por crises infindáveis e inflação.

Potência econômica ascendente

Mas hoje o "B" é a estrela entre os países Bric, com os especialistas prevendo um crescimento de até 5% para a economia brasileira em 2010. O Brasil está atualmente crescendo mais rápido do que a Rússia e, diferente da Índia, não sofre de conflitos étnicos ou disputas de fronteira. O país de 192 milhões de habitantes possui um mercado doméstico estável, com as exportações - carros e aeronaves, soja e minério de ferro, petróleo e celulose, açúcar, café e carne bovina - correspondendo a apenas 13% do produto interno bruto.

E como a China substituiu os Estados Unidos como maior parceira comercial do Brasil no início deste ano, o país não foi severamente afetado pela recessão no mercado americano como poderia ter sido. Os bancos do Brasil são fortes, estáveis e não encontraram grandes dificuldades durante a crise. Mais importante, entretanto, é o fato do Brasil ser uma democracia estável, ao estilo ocidental.

O país pagou sua dívida externa e até mesmo passou a emprestar ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo acumulou mais de US$ 200 bilhões em reservas e o real é considerado uma das moedas mais fortes do mundo. Especialistas internacionais preveem uma década de prosperidade e crescimento para o país. Lula prevê que o Brasil será uma das cinco maiores economias do planeta em 2016, o ano em que o Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos. O país será sede da Copa do Mundo de 2014.

E ainda há os recursos naturais aparentemente ilimitados do Brasil, vastas reservas de água doce e petróleo. O Brasil exporta mais carne do que os Estados Unidos. E a China estaria em dificuldades sem a soja brasileira. Nos hangares da fabricante de aviões, a Embraer, perto de São Paulo, engenheiros brasileiros constroem aviões para companhias aéreas de todo o mundo, incluindo aviões para trajetos menores para a Lufthansa.

Um patriarca extremamente popular

Em outras palavras, o presidente Lula tem bons motivos para estar repleto de autoconfiança. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, o estão cortejando, enquanto Wall Street praticamente o venera. Ele é até mesmo tema de um novo filme, "Lula, o Filho do Brasil", que descreve a saga de sua ascensão de engraxate a presidente.

Todo o Brasil desfruta da fama de seu presidente que, há menos de sete anos no poder, atualmente conta com um índice de aprovação acima de 80%. A oposição praticamente desapareceu e o Congresso se tornou submisso. Lula dirige o país como um patriarca, tanto que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, o está acusando de "autoritarismo" e alertando que o Brasil está no caminho de um capitalismo estatal.

Há um quê de verdade nas alegações de Fernando Henrique. Lula nunca teve confiança na capacidade do mercado de curar a si mesmo e considera que o Estado deve moldar uma nova ordem social. Ele adora projetos impressionantes e gestos nacionalistas. Ele é pragmático, mas despreza especuladores. "Brancos com olhos azuis" levaram o mundo à beira da ruína financeira, ele disse recentemente. Ele falava dos banqueiros.

A crise financeira apenas confirmou o ceticismo de Lula em relação ao capitalismo. Lula acredita que o Brasil lidou melhor com a crise do que outros países porque o governo adotou medidas corretivas desde cedo. Segundo Lula, o combate à pobreza e a distribuição justa de renda não podem ficar aos cuidados do mercado.

Classe média crescente

Sob sua liderança, milhões de brasileiros ingressaram na classe média. A evidência dessa transformação social está por toda a parte: nos shopping centers do Rio e São Paulo, lotados de famílias barulhentas da periferia, ou nos aeroportos, onde mães jovens ficam na fila do balcão de check-in, aguardando para embarcar em um avião pela primeira vez em suas vidas. "A desigualdade entre ricos e pobres está começando a diminuir", diz o economista e especialista em estudos sobre a pobreza, Ricardo Paes de Barros.

A chave para aquela que provavelmente é a maior redistribuição de riqueza na história brasileira é o programa social Bolsa Família, sob o qual uma mãe carente que possa comprovar que seus filhos estão frequentando a escola recebe até R$ 200 por mês do governo. A primeira vista pode não parecer muito, mas este subsídio do governo ajuda milhões de pessoas a sobreviverem no Nordeste brasileiro.

Especialistas inicialmente criticaram o programa como sendo apenas uma esmola, mas agora ele é visto como um modelo mundial. Mais de 12 milhões de lares recebem os subsídios, com grande parte do dinheiro indo para o Nordeste. Graças ao programa Bolsa Família, a região antes atingida pela pobreza começou a prosperar. Muitos nordestinos abriram pequenas empresas ou lojas e a indústria descobriu o Nordeste como mercado. "Agora a região está crescendo por conta própria", diz Paes de Barros.

Lula foi abençoado pela sorte. Seu antecessor, Fernando Henrique, já tinha estabilizado a economia, que sofria com a hiperinflação, quando foi ministro da Fazenda em 1994. Ele impôs uma reforma da moeda ao país e implantou leis que forçaram o governo a adotar políticas com responsabilidade fiscal. Lula não mudou nada disso.

Não havia necessidade de Lula reinventar a política econômica e social do Brasil. O país tem uma tradição de controle total da economia pelo governo que remonta aos anos 30.

O plano Marshall próprio do Brasil

Os centros nervosos da política econômica do país ficam abrigados em dois imponentes arranha-céus no centro do Rio. O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que conta com seus escritórios em uma torre de aço e vidro, foi criado com a ajuda americana e usando o KFW Banking Group da Alemanha como modelo. Ele financiou uma versão brasileira do Plano Marshall.

Nos anos 90, o BNDES administrou com sucesso a privatização de muitas estatais brasileiras. Hoje, ele fornece assistência a fusões e aquisições corporativas, ajuda empresas em dificuldades e financia os investimentos estratégicos do governo.

O BNDES é altamente respeitado. Acredita-se que seja em grande parte livre de corrupção e ele paga os mais altos salários do país. "Há um ano, os bancos estrangeiros batiam à minha porta perguntando se o Brasil estava preparado para a crise financeira", diz Ernani Teixeira, um dos diretores financeiros do banco. Teixeira conseguiu tranquilizá-los, notando que o BNDES tinha separado R$ 100 bilhões em reservas adicionais. No ano passado, o banco emitiu mais empréstimos e garantias de empréstimos do que o Banco Mundial - e até apresentou um lucro respeitável.

O segundo pilar do milagre econômico brasileiro fica diagonalmente no outro lado da rua: um bloco de concreto, iluminado à noite com as cores nacionais, verde e amarelo, é a sede do grupo de energia semiestatal Petrobras. A empresa planeja investir US$ 174 bilhões nos próximos quatro anos em plataformas de perfuração, navios e outros equipamentos para explorar as grandes reservas de petróleo além da costa do Brasil.

Há um ano e meio, a Petrobras descobriu novas reservas de petróleo sob o leito do oceano. Mas o petróleo será difícil de extrair, por estar situado abaixo de uma camada de sal em profundidades de pelo menos 6 mil metros. A expectativa é de que os poços comecem a produzir daqui pelo menos seis anos. A receita desse petróleo será depositada em um fundo que o governo usará principalmente para financiar novas escolas e universidades.

Lula apresentou recentemente uma legislação que regulamentaria a exploração das reservas de petróleo submarinas, fortalecendo assim o monopólio da Petrobras. Especialistas temem que Lula esteja criando um monstro corporativo poderoso e corruptível.

Obstáculos burocráticos

O imenso apagão que ocorreu simultaneamente em grandes partes do país, há duas semanas, teria sido um sinal de alerta de que o governo está indo além de sua capacidade? A modernização da infraestrutura decrépita do Brasil está avançando, mas lentamente. Bilhões de dólares em investimentos em portos, construção de estradas e no setor de energia existem apenas no papel, com a implantação atrapalhada por uma burocracia kafkaniana e um Judiciário moroso. Além disso, o país também não teve muito sucesso no combate à criminalidade.

Lula tem mais um ano no poder, após ter resistido à tentação de manipular a Constituição para garantir sua reeleição para um terceiro mandato. Ávido em preservar seu legado, ele tem buscado a indicação de sua ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como sua sucessora, apesar da resistência dentro do próprio Partido dos Trabalhadores.

Rousseff, que foi integrante dos grupos guerrilheiros de esquerda após o golpe militar de 1964 e que posteriormente passou anos presa, tem uma reputação de tecnocrata competente, mas é vista como inacessível e autoritária. Ela está acompanhando o presidente em suas viagens pelo país, inaugurando novas estradas e usinas elétricas. Lula a apoia de modo tão determinado que até parece estar fazendo campanha para si mesmo.

Ela também está com ele em seu giro pelo Nordeste, apesar dos médicos terem removido um tumor de sua axila há poucos meses. Acredita-se que ela esteja curada e ela atualmente usa uma peruca após a quimioterapia. Seu rosto é pálido e seu sorriso parece congelado. O presidente a puxa para o seu lado quando ele caminha até o microfone, e ele menciona o nome dela repetidas vezes.

Elizete Piauí, ainda completamente embriagada pelo seu encontro com Lula, a viu pela televisão. Ela sabe que Dilma é a candidata de Lula e ela fará campanha pela ministra, apesar de que preferiria que Lula permanecesse no poder. "Eu votarei em qualquer pessoa que ele indicar", ela diz.

Lula também prometeu retornar. Antes do fim de sua presidência, ele planeja fazer outra viagem ao Nordeste para ver o quanto progrediram as obras no Rio São Francisco. Talvez, espera Elizete, ele terá atendido seu maior desejo até lá e ela poderá servir a ele um copo de água - de sua própria torneira, em sua própria casa.