Quem não estiver
em dia com o INSS e o FGTS terá o pagamento suspenso
O governo
federal vai endurecer as regras de pagamento das empresas de trabalhadores
terceirizados que prestam serviços para a administração direta, indireta e
empresas estatais federais. Um mercado que movimenta R$ 45,5 bilhões por ano e
emprega 1,09 milhão de terceirizados em todo o País, entre eles, seguranças,
copeiros e faxineiros.
Portaria que
será publicada hoje no Diário Oficial da União fixa uma regra única para todo o
setor público federal que impede o gestor de fazer os pagamentos mensais do
serviço contratado se a empresa de terceirizados não comprovar que está em dia
com o recolhimento dos direitos previdenciários e trabalhistas dos seus
funcionários, como FGTS, INSS, 13.º salário. O dinheiro será retido e a empresa
não vai receber o pagamento.
As empresas
terão também de contratar um seguro de até 5% do valor do contrato, limitado a
dois meses do valor da folha. Esse seguro será usado para os casos em que as
empresas não cumprem os direitos trabalhistas, por exemplo, nos casos de
falência. O repasse de dinheiro para o pagamento de licença maternidade,
auxílio-doença (os 15 dias iniciais em que a empresa é obrigada a arcar com o
custo do trabalhador) e substituições só será feito a partir de agora no fato
gerador do benefício.
Hoje, o valor
anual do contrato é dividido em 12 parcelas mensais, sem levar em conta os
pagamento. Isso faz com que as empresas, em muitos casos, gastem antes o
dinheiro e acabem não tendo recursos para pagar os direitos trabalhistas e
previdenciários. Há muitos casos em que o próprio governo federal e as empresas
estatais são acionadas na Justiça pelos trabalhadores para honrar esses
compromissos assumidos pelas empresas.
Sem vínculos
Pela
legislação brasileira, o setor público não pode contratar mão de obra, mas pode
recorrer a serviços terceirizados. Esses trabalhadores não têm qualquer vínculo
trabalhista com administração pública. O governo federal tem 90 mil empregados
terceirizados a um custo anual de R$ 5,5 bilhões e as estatais federais gastam
R$ 40 bilhões para empregar cerca de 1 milhão de terceirizados.
As novas regras
são medidas de segurança financeira para impedir que o setor público tenham que
depois arcar com esses custos que seriam das empresas. A regra geral evita
também casos de contratos com desequilíbrio financeiro contaminarem outros
contratos de uma mesma empresa. “Os gestores terão que fiscalizar se os
direitos do trabalhador estão sendo pagos”, disse ao Estado o secretário de
Gestão do Ministério do Planejamento, Gleisson Rubin.
Segundo ele, há
casos em que a Justiça coloca o governo como solidário em disputas
trabalhistas. O secretário contou um caso emblemático que ocorreu em Brasília,
em 2013, quando uma única empresa que tinha 40 contratos decretou falência
deixando milhares de empregados terceirizados sem receber os direitos
rescisórios do contrato de trabalhado. As mudanças, disse ele, vão dar mais
segurança para os trabalhadores. “O seguro garante o pagamento quando a empresa
feche e não paga”, afirmou Rubin.
A portaria que
será publicada hoje também exige a abertura de uma conta vinculada em separado
para os pagamentos referentes a férias, 13.º salário e rescisão contratual. A
medida evita que o dinheiro para o cumprimento desses compromissos seja
utilizado pela empresa para outra finalidade.
Portal
R7 - 21/12/2016