domingo, 31 de maio de 2009

LIXÃO A CÉU ABERTO Lixão de Monte Azul polui rio Tremedal.














De segunda a sexta é lançado o lixo domiciliar com restos hospitalares, excrementos humanos oriundos de limpezas de fossas coletados por cinco caminhões, uma carreta e um pipa limpa-fossa tracionados por trator que fazem a coleta na cidade de Monte azul e despeja, sem que haja um planejamento prévio do impacto ambiental de que tudo isto possa trazer, em área designada para lixão pela prefeitura municipal. Essa lixeira a céu aberto está localizada a uma distância de cerca de um quilômetros da praça principal da cidade, à margem da ferrovia que por sua vez margeia o rio Tremedal. O lixão está a menos de 20 metros da margem do rio, separado pelos trilhos ferroviários,mas interligados por uma passagem pluvial que passa sob a malha ferroviária.
O rio Tremedal, que deu o primeiro nome da hoje cidade de Monte azul, e que, com suas águas matou a sede de seus pioneiros habitantes, ainda hoje fornece a água distribuída pela Copasa aos moradores da cidade. Cortando a cidade ao meio, o Tremedal vê sua situação mudar de abastecedor para coletor de esgotos de algumas residências que dispensam a tradicional fossa, já que a cidade não conta com saneamento básico, prometido pela companhia de abastecimento de água mas não cumprido até hoje. A cerca de um quilometro abaixo recebe nos dias chuvosos as águas que banham o lixão da cidade.
O lixão da cidade funcionou até junho de 2001 na margem da BR que da acesso a Mato Verde, sendo transferido para o local atual por ser o lixão fedorento, ter muitas moscas e pela fumaça oriunda da queima do lixo que ameaçava os transeuntes da rodovia, podendo provocar acidentes.
O imóvel onde a prefeitura descarrega tais dejetos desde 2001 é tido como de propriedade do município, contudo, até hoje a prefeitura nunca juntou ao processo prova de propriedade da área, que na verdade é uma rampa de acentuado declive cortado ao meio por uma vala formada pelas águas da chuva em direção ao leito do rio Tremedal.
A verdade é que o lixão virou uma descarga de resíduos a céu aberto e com livre transito de transeuntes pois o local sequer é cercado. Caracteriza-se pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.
Deparamos com outros problemas associados, como a presença de gatos, cachorros e até mesmo com cabras levadas pelo proprietário para ¨pastarem ¨revolvendo os entulhos do lixão.
Catadores
Com a falta de portões e cercas há livre trânsito, mesmo quando esta presente o guarda que fica no local das 8 ás 17 horas conforme depoimento do mesmo, e catadores disputam com os animais as montanhas de lixo, a procura principalmente de material reciclável para venda.
Conhecemos Mario Estevão, 79 anos, que diz ter problemas cardíacos, possivelmente chagásico e com histórico de câncer de próstata e que é freguentador assíduo do lixão de Monte Azul que nos diz não poder parar com esse ¨trabalho¨ porque faria falta na complementação de sua aposentadoria por idade.
Deparamos com quem é considerado com o maior catador de recicláveis, Josias, que é funcionário da prefeitura e trabalha como guarda no local, mas que está de férias e diariamente tem ido coletar no lixão e que segundo o mesmo consegue até 40 reais a cada venda realizada.
Deparamos ainda com um catador que recolhia garrafas pet em melhor estado de conservação para repassar a vendedores de leite ¨in natura¨ que se utilizam dos mesmos para embalar o produto e vender à população.Na cidade não há no comércio local a venda de leite pasteurizado ofertado em saquinhos. Catava ainda garrafas de água sanitária que estiver com o rotulo para vender a outra pessoa que adquire os frascos para encher com água sanitária feita em casa e vender a pequenos comerciantes, que por sua vez revende a população como produto original.
Segundo os catadores o material recolhido é vendido para um comprador que se situa estrategicamente no caminho do lixão, sendo que o mesmo não tem concorrente na cidade, e que por duas vezes na semana vai até o lixão e compra a 10 centavos de real o quilo de metais e 15 centavos o de plásticos em geral.

Poluente do Sub-solo e do Ar.
Pilhas, lâmpadas e outros são depositados no solo sem a devida impermeabilização, que alem de serem levados pelas enxurradas ao leito do rio podem contaminar também águas subterrâneas com a infiltração, pois o lixo molhado retém a umidade sob a terra, dando tempo para sua penetração lenta.
Além de riscos naturais de incêndios causados pelo próprio material combustível e gases gerados pela decomposição dos resíduos constatamos que os catadores incendeiam pneus de motos e carros achados no lixão e que, no próprio local usam o fogo como método de separação da borracha para vender o arame como metal. Moradores da zona rural que se utilizam da estrada que margeia o lixão denunciam o fogo premeditado nos finais de semana, período em que o lixo esta acumulado e, segundo eles, o próprio guarda coloca fogo na sexta-feira, passando o final de semana a queimar e produzir fumaça em grande quantidade. Afirmam ainda que, mesmo os que tem residência a mais de 10 quilômetros do local, e de conformidade ao vento, sentem o cheiro forte da queima, principalmente a noite, perturbando o sono dos moradores.
Invasão de Moscas.
A instalação e operação do lixão ocorreram sem a realização do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental, exigido pela Constituição Federal. Para a instalação e operação de atividade de recebimento de lixo, havia e ainda há a necessidade de o licenciamento ambiental obedecer aos requisitos e critérios técnicos, entre outras, das normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente, que foram ignoradas pela municipalidade.

Latas, garrafas e os pneus depositados a céu aberto que esperam pela queima, contribuem para a proliferação de vetores, entre outros problemas.Deparamos ainda com enorme quantidade de moscas, mosquitos e baratas que colocam em risco à saúde dos moradores de Monte azul, pois o lixão se encontra a menos de um quilometro da cidade como indica uma placa nas margens da linha férrea, paralela ao lixão. Nesse momento Monte azul passa por um surto de virose cujos pacientes tem o mesmo sintoma: Cólicas, vômitos e diarréia. Segundo o Laboratório de Engª Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa (UFV) de Minas Gerais, a má gestão destes resíduos é responsável por 65% das doenças no Brasil.
Toda a cidade se viu invadidas por grande quantidade de moscas do tipo varejeira e de mosquitos, que segundo moradores antigos da cidade, não era visto em outros tempos. Em alguns bairros da cidade é quase impossível fazer uma refeição sem ter a companhia desagradável dos insetos a visitarem pratos e copos. Problema também para as donas de casa no preparo do alimento, com riscos de preparar moscas e servi-las nas refeições.

2 comentários:

  1. Que vergonha esta explicado o motivo dessa cidade ter tantos mosquitos... Cade os ecologistas dai? ou sera que ninguem dessa terra vai precisar do meio ambiente? Que atraso de vida tdo isso credo.

    ResponderExcluir
  2. Fui visitar a cidade fiquei assustada com as moscas e conversando com um possivel candidato a prefeito ele começou a rir.Disse que era normal.Como pode ter tanta gente hipocrita,egoista que nao percebe inclusive que sua familia corre risco de doenças? Sinceramente nao entendo,os politicos do norte sao os piores do Brasil ignorantes e burros.Alguem precisa fazer alguma coisa nao e possivel. Hipocrisia e muita ignorancia.

    ResponderExcluir