Beijo, o 1º da história da Marinha, foi dado no píer na retomada de um navio após 80 dias no mar.
O tão cobiçado "primeiro beijo" no píer, uma tradição da Marinha dos EUA foi dado por um casal gay de duas marinheiras, que retornaram de 80 dias no mar, na última quarta-feira (20). O beijo foi a primeira troca de carinho entre um casal gay da história desde a revogação da regra do “don’t ask, don’t tell” (“não pergunte, não fale”) das Forças Armadas dos EUA.
Marissa Gaeta, 23 anos, que usava seu uniforme da Marinha desceu do USS Oak Hill e dividiu um beijo rápido com sua companheira Citlalic Snell, 22.
Nem Marinha, nem o casal tentou chamar a atenção para o que estava acontecendo e muitos espectadores à espera do desembarque de seus entes queridos estavam ocupados com conversas entre si.
David Bauer, o comandante do USS Oak Hill, disse que o beijo entre Gaeta e Snell que as reações da tripulação foram positivas.
O navio retornou à base após uma missão de 80 dias na América Central. A tripulação de mais de 300 pessoas participou de exercícios envolvendo os militares de Honduras, Colômbia Guatemala e Panamá.
A revogação da regra, em que gays podem servir nas Forças Armadas dos EUA, desde que eles não reconheçam abertamente sua orientação sexual, entrou em vigor em setembro.
O alarde não foi à toa. Desde antes do lançamento da novela Amor e Revolução — novela que relembra os porões ditatoriais brasileiros —, o SBT fazia campanha pelo que seria o primeiro beijo gay em uma telenovela nacional. A estratégia deu certo.
Nesta quinta-feira (12), as personagens Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre) protagonizaram a cena histórica e alavancaram a audiência de Amor e Revolução. Com a exibição do inédito beijo gay, a novela não apenas dobrou de audiência como também ajudou o SBT a empatar com a Record no ibope do horário nobre.
A trama de Tiago Santiago — que vinha com média de cinco pontos de audiência — teve pico de nove pontos. Cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande SP. No total, o capítulo teve média de seis pontos e 11% de share (participação de TVs ligadas).
Pouco depois do beijo gay 7 pontos.
Primeiro momento em que empatamos com a novela da Record! Momento a ser comemorado!", escreveu Tiago Santiago no Twitter. A cena repercutiu nas redes sociais e chegou aos Trending Topics — lista dos assuntos mais comentados no microblog.
A postura do SBT foi elogiada, mas as críticas com relação à cena em si não passaram despercebidas. O movimento em que o pé de uma das atrizes insinua excitação, como se estivesse ensaiando um tango, soou cômico e foi bastante criticado. Além disso, o fato de Marina não ser homossexual também causou estranheza em parte do público.
Houve atraso de um dia na veiculação do beijo, que estava prevista para acontecer na quarta-feira (11). A cena tinha sido notícia no dia, inclusive no telejornal da emissora, uma das atrações que antecedem a trama. Alvo de críticas da mídia e do público, o autor, Tiago Santiago, se manifestou e atribuiu o atraso à estratégia de programação para aumentar a audiência.
O beijo — primeiro entre personagens do mesmo sexo da teledramaturgia brasileira — ocorreu numa cena em que Marcela revelou para Marina estar apaixonada pela amiga. Marina disse que a advogada é muito bonita e sensual, mas que a situação é muito inesperada, embora excitante.
"Assim você me provoca", retrucou Marcela, pouco antes da duas se beijarem. Enquanto se beijavam, Marina pediu para a amiga parar, mas Marcela disse que não queria. A jornalista falou que não sabia se a amiga teria uma chance com ela e que não gostaria de criar mais ilusões. "Admiro muito essa sua coragem, mas eu não me imagino tendo uma relação assim. Talvez seja um pouco de medo, preconceito".
No blog da novela, Giselle Tigre falou da importância de tratar um tema como este na televisão: "Se estamos falando em liberdade cabe a cada um de nós refletirmos para aprender a conviver com as diferenças e lutar sempre pelo direito de cada um ser quem é", afirmou.