quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gilmar Mendes perdeu a compostura

Vergonha ele já não tinha, nunca teve.
Dignidade, tampouco.
Basta lembrar a triste trajetória do ministro no Supremo Tribunal Federal (STF) desde que foi indicado para a mais alta corte do país, em 2002, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, o que provocou uma carta irada publicada na Folha de S.Paulo pelo histórico advogado Dalmo de Abreu Dallari.
E basta lembrar, também, que no Senado ele teve 15 votos contrários à sua indicação - a maior rejeição a um nome para a suprema corte do país em toda a história brasileira.
De lá para cá, Gilmar Mendes notabilizou-se no STF por escorregões e ações que não combinam com a república democrata.
Libertou o banqueiro-ladrão Daniel Dantas, por exemplo, mesmo contra a vontade dos procuradores da República.
Mendes nunca considerou imprópria a aberrante intromissão da embaixada italiana em todos os detalhes do processo de extradição de Cesare Battisti, a ponto de não sabermos se o STF tinha virado mera extensão de uma representação diplomática estrangeira.
Conseguiu nomear uma enteada para o gabinete do senador Demóstenes Torres, em 2005.
Votou a favor dos políticos fichas sujas.
Em parceria com a revista Veja, inventou em 2008 grampos telefônicos que nunca existiram no STF.
Nas eleições presidenciais de 2010, trocou telefonemas esquisitíssimos com o então candidato tucano José Serra.
Mantém uma faculdade sob o seu comando, nela empregando ministros de várias cortes superiores.
E agora, acuado pelo escândalo provocado por Carlinhos Cachoeira, revelou com um mês de atraso uma conversa absurda com o ex-presidente Lula, coincidentemente em reportagem da mesma revista Veja da qual sempre foi próximo, e baixou o nível ontem e anteontem com declarações peludíssimas à imprensa engomada.
Perdeu a compostura, portanto.
Sem compostura, sem vergonha e sem dignidade, para onde vai o ministro Gilmar Mendes?
Post publicado originalmente no Brasília Urgente

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