A revista Veja não mantém estranhas ligações apenas com o crime organizado - que finalmente poderão ser desnudadas se a CPI do Cachoeira convocar os seus “capos” para prestarem esclarecimentos. Ela também nutre sólidas e lucrativas relações com os agiotas financeiros que saqueiam o país e lhe garantem polpudos anúncios publicitários. Com o mafioso, as ligações eram na moita. Com os banqueiros, elas são explícitas!
Tanto que a revista da famiglia Civita, em sua versão online, já saiu atirando contra o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff, transmitido em rede nacional da rádio e tevê, por ocasião das comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores. Para a revista, “ao atacar os bancos, Dilma copia Cristina Kirchner”, esbraveja o título do artigo, assinado por Benedito Sverberi.
Defesa da agiotagem financeira
O texto parece ter sido encomendado pelos “pobres” banqueiros. Eles seriam alvos dos ataques injustos da presidenta, que "teria adotado a estratégia ‘Cristina Kirchner’ de escolher um bode expiatório para mitigar as mazelas do governo. Por esta estratégia, ainda que algum resultado prático possa ser atingido, esconde-se uma lista de reformas que o Planalto tem obrigação de adotar – e que não o faz por um misto de comodismo e inoperância”.
O texto é um primor na defesa da agiotagem financeira. “Se o governo quer mesmo empreender uma 'guerra' contra o crédito caro, e não contra o setor bancário, há muito trabalho pela frente. É inegável que os bancos possuem elevada lucratividade em suas operações. Esta condição, contudo, não configura um problema. Própria do capitalismo, ela não necessariamente se traduz em alto custo a pessoas físicas e jurídicas”. De onde a revista tirou a ideia de jerico de que “não se traduz em alto custo”?
Relação promíscua com os banqueiros
Com a inteligência econômica de quem apoiou o desmonte neoliberal, a Veja avalia que é um erro cutucar os banqueiros. “Em vez de simplesmente escolher uma ‘suposta fonte de todos os males para bater’ – como faz a colega argentina, Cristina Kirchner, que comprou briga com a Inglaterra pelas Malvinas (de novo!) e, mais recentemente, com a Espanha por supostos baixos investimentos na petroleira YPF –, a presidente Dilma poderia adotar uma política mais sensata”.
Para a famiglia Civita, de origem europeia, o Brasil deveria fazer como a Grécia e a Itália, que entregaram os seus governos para os banqueiros – sem nem precisar de eleições democráticas. A defesa apaixonada dos banqueiros talvez explique porque a Veja tem tantos anúncios de instituições financeiras – inclusive, infelizmente, de bancos públicos.
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