sexta-feira, 25 de setembro de 2009
SERVIDORES E EDUCADORES MUNICIPAIS EM GREVE POR FALTA DE PAGAMENTO EM MONTE AZUL LEVAM A CRISE PARA DISCUSSÃO NA CAMARA DE VEREADORES.
Reunião com mais de 4 horas de duração aconteceu na câmara de Monte azul onde a pauta foi a situação do funcionalismo público municipal com atraso no pagamento e consequente greve dos professores contratados.
Há quase um mês as escolas municipais, todas funcionando na zona rural, estão paradas por falta de professores que resolveram em assembléia parar por se encontrarem sem receberem seus vencimentos há 3 meses.E, segundo a prefeitura, do Democrata Joaquim Gonçalves Sobrinho, não há dinheiro em caixa nem data definida para quitar a folha.Todos são funcionários públicos contratados e os professores lecionam de 5ª a 8ª série.
A situação atual chegou da educação em Monte Azul chegou oficialmente á câmara municipal nessa quinta-feira (24), que recebeu a diretoria do sindicato dos servidores públicos e parte dos serventuários grevistas, abrindo a palavra franca da seção ordinária aos mesmos.
O diretor Edson Hermógenes e o presidente Damastor Alves relataram cronologicamente os acontecimentos que culminaram com a greve e reclamaram dos acordos acertados nas reuniões com o sindicato e não cumpridos pela atual administração. Foi cobrado um posicionamento da câmara, considerada omissa e covarde no discurso do diretor, que também acusou a atual administração de sustentar funcionários fantasmas e de nepotismo.Reclamou da quantidade de secretários adjuntos e da pressão exercida ao ameaçar de demissão os contratados em greve e até mesmo os efetivos caso não voltem ao trabalho, mesmo sem receber, ou se falarem mal da administração.
Emocionado, Damastor pausou suas ponderações na tribuna da câmara por lhe faltar a voz quando relatava as condições de penúria a que chegaram os que trabalharam e adentraram o quarto mês sem receberem seus salários dos últimos 3 meses. Pais de família sem o leite das crianças e dispensa vazia, além de contas de água e energia elétrica se acumulando. Prosseguindo, Damastor declara que, como presidente do sindicato foi covarde e não poderia deixar chagar onde a situação chegou, esperando 60 dias pela concretização das promessas da administração. São 3 semanas com as escolas fechadas e pais de alunos sem saberem o que fazer.
Segundo o vereador Francisco de Assis, os servidores públicos são hoje mais da metade da economia circulante no município, sendo que os quase 4 meses de atraso salarial dos contratados e professores ajuda a aumentar o reflexo da crise mundial na cidade e prosseguiu afirmando ¨ É triste falar de cassação do prefeito que a gente apoiou, mas, antes de colocar um carro para rodar, antes de colocar uma patrola para trabalhar, tem-se que separar o dinheiro dos que estão trabalhando ¨. Afirma De Assis que essa foi uma crise anunciada, pois em março alertou seus amigos da administração dos gastos excessivos que estavam assumindo e tomou como exemplo a conta do posto de combustível que tinha passado de 42 mil para 65 mil reais naquela época, e o número de contratados aumentara significativamente. Afirmou o vereador que é duro ser tachado de covarde como os componentes da câmara foram e não ter argumentos para justificar. Todos querem ser prefeitos, mas tem-se que ter responsabilidade, disse De Assis.
O secretário de governo, advogado Murilo Oliveira, tentou amenizar a situação, mesmo assumindo que errou ao fazer as contratações. Afirmou que o déficit nas contas públicas no que se refere divida com os servidores estava em 256 mil reais e que vinha mantendo contatos com instituições bancárias para contrair empréstimo e colocar a folha em dia. Acrescenta que os bancos não disponibilizam uma linha de credito para as prefeituras, mas que estava negociando com o banco rural de Montes Claros e que os gerentes exigiram que a administração dê como garantia uma patrola e dois caminhões, e ainda querem a preferência dos servidores municipais que forem realizar empréstimo consignado. Para garantir os empréstimos descontados na folha dos servidores a instituição financeira abriria um posto avançado com cerca de 4 funcionários na cidade.
Murilo viajou hoje para Montes Claros e segundo o mesmo estará acertando os detalhes da operação e que, se tudo correr bem, na semana que vem encaminha o projeto para ser votado na câmara.
A oposição, embora manifeste a favor do funcionalismo, vê com restrições um empréstimo para quitar a folha de pagamento. O vereador Vila, que afirma ter aprendido a ser oposição pelos 3 mandatos consecutivos sem as benesses do executivo, afirma que o problema é claramente político. Isso é má administração, e se não tem dinheiro hoje para pagar os funcionários, como farão para pagar o empréstimo contraído quando do vencimento?. E depois, no próximo mês, os servidores ficarão outra vez sem receber?. Finaliza acrescentando que a coisa pública está tão ruim na prefeitura que não é a oposição, são os partidários do prefeito que falam mal da administração de Joaquim de Deja.
A exceção de posicionamento durante a reunião, onde nos bastidores da audiência o assunto reinante era a possibilidade de cassação do chefe do executivo, foi dos vereadores Robertão e Dimas. Na defesa de Joaquim de Deja o vereador Edimar Antunes (Dimas)subiu a tribuna para assegurar que se o prefeito não tivesse assumido os contratos herdados da administração passada. Se não tivesse, com seu enorme coração, atendido a solicitação da câmara e do sindicato quando solicitaram o aumento para os pedreiros e parte dos professores, não estaria provavelmente na situação em que se encontra. Defendeu ainda Haroldo, o filho do prefeito que segundo apuramos junto a populares é o que é ¨de fato¨ o mandatário da coisa publica no município, dizendo ser normal na região empregar os filhos, citando exemplo da prefeita de Mato Verde, município visinho.
Humildes e pacatos, não houve manifestação publica entre os presentes que assistiam a reunião, mas somente um murmurinho de revolta quando o vereador Roberto Ferreira (Robertão), após utilizar sua fala para defender o atual prefeito, concluiu afirmando que a atual administração fecharia seu mandato com chave de ouro.
SOLUÇÃO EM 72 HORAS.
Diante a falta de entendimentos quanto ás tomadas de posições futuras para se solucionar o problema das escolas fechadas e dos servidores com pagamentos atrasados, após o encerramento da seção ordinária da câmara municipal de Monte Azul, sindicalistas e edis formaram uma mesa de trabalho para decidir caminhos prováveis a serem percorridos.
Os professores que passaram a compor a mesa, afirmaram que os pais de alunos aflitos com a situação dos filhos estão matriculando-os em escolas dos municípios visinhos, ou mesmo nas escolas estaduais. Isso, segundo uma professora, prejudicará os andamentos da educação municipal no ano sequente, quando se faz o senso escolar para pagamento por aluno em 2010.
Pais e professores estão preocupados com o descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente e que os atos do prefeito incorrem em improbidade administrativa e, diante aos fatos, resolveu-se esperar somente mais 72 horas úteis para resolução do problema.
Hoje, ainda nessa manhã, conforme acertado na reunião, o sindicato dos servidores públicos municipais de Monte Azul, através de seu presidente Damastor Alves, protocolou na prefeitura do município um oficio asseverando a administração que após o prazo estipulado de 3 dias úteis, diante o não pagamento dos servidores, acionara o ministério publico com impetração de ação civil. Espera-se como combinado, que a câmara municipal encaminhe oficio com mesmo teor a administração.
SITUAÇÃO CRITICA DA EDUCAÇÃO E DOS SERVIDORES
A administração pública de Monte azul despediu cerca de 200 funcionários contratados, mas segundo os que foram ¨ mandados para a rua ¨ a dispensa não veio acompanhada do pagamento dos dias trabalhados. Os contratados que continuaram a fazer parte do funcionalismo público municipal estão dentro do quarto mês de atividade sem receberem salário.
O sindicato dos servidores públicos municipais fez três reuniões para tentar resolver o problema, agravado com a parada dos professores que se recusam a voltar para salas de aulas com três salários atrasados. Cerca de 78 professores e mais os serviçais fazem greve por pagamento, apesar da pressão da administração e dos diretores de escolas que ameaçam de dispensa os grevistas. Somente os poucos professores efetivos continuam a ministrarem aulas, o que deixa os alunos em pavoroso nos corredores e imediações das escolas municipais rurais por não encontrarem professor para todos os horários. Segundo os professores grevistas, a maioria dos professores efetivos estão amontoados na secretaria municipal de educação em funções diversas e estão recebendo seus salários sem saírem da cidade e as aulas nas comunidades rurais sobram para os contratados que tem que, por conta própria se deslocarem para a zona rural por seus meios e riscos.
Os professores contratados reclamam que desde o inicio a administração vem prometendo o concurso público mas, na opinião dos mesmo, é somente para ¨ engabelar o promotor público ¨ pois os cargos são distribuídos levando em conta os que a família tem mais votos, e sendo somente contratados ficam com medo de perderem o emprego. Isso fez com que somente depois de tanto tempo eles viessem manifestar,procurando divulgar a calamidade que se transformou suas vidas, mas mesmo assim tentando preservar suas identidades com medo das perseguições .
Ouvimos o caso da serviçal Maria Aparecida, que quando recebia, lhe era entregue cheque de 450 reais e tem que dividir com duas colegas de trabalho sem contrato, e que agora tem vergonha do dono da farmácia pois deve a ele os remédios de seu marido doente e do comerciante que a vende mantimentos e anota para pagamento quando recebe o pagamento, estando ela e outras contratadas com três meses sem pagar armazém e tem notado as prateleiras do pequeno comercio com volume diminuído de mercadorias. Na tentativa de pagar suas contas a serviçal aproveitou para comercializar em festa na cidade vizinha, ficando lá por quatro dias se sacrificando para conseguir um dinheirinho e quando retornou á sua residência sua televisão tinha sido roubada. Agora sua geladeira com bastante tempo de uso parou de funcionar. Aparecida afirma que era pouquinho, mas dava graças a Deus pelo dinheirinho que faz tanta falta.
Ilton Dias, professor contratado, formado em letras e que percorre com sua moto 192 quilômetros em um dia para ir lecionar em variadas escolas rurais afirma ¨ Tenho vergonha de dizer que sou professor ¨. Como seus colegas, Ilton esta sem graça com o dono do posto de combustíveis que cobra a nota da gasolina atrasada. Confirmamos que todos encontram-se com os documentos dos veículos irregulares pelo não pagamento desse ano.
A professora Wesla Migliaci, acompanha pelo pai e um dos filhos na reunião da câmara municipal onde discutia a situação dos professores, afirma que esta nessa luta representando os outros professores que tem medo das retaliações e que tem feito bombons para conseguir algum dinheiro. Disse estar sendo peso para sua família, já que é a única a trabalhar para sustentar os três filhos e o leite de seu filho de dois anos tem sido pago por sua avó e as contas de energia e água se acumulam em sua casa. Afirma que seus colegas tem sofrido com o stress de trabalhar e não receber e que ela somente volta para a sala de aula porque ama o que faz, e faz pelas crianças que depois ela vê tomando direcionamento em suas vidas.
Também complicado é o caso da professora Geisabele Teixeira que desde o inicio do ano somente recebeu dois pagamentos é disse receber ameaça dos país dos alunos que alegam que seus filhos não tem nada haver com o não pagamento salarial pela prefeitura.
Alguns servidores da educação presentes a reunião reclamam da ineficiência da secretária de educação Maria Celma Cardoso Dias, esposa do filho do prefeito que, com acumulo de cargo dedica-se mais a APAE deixando a educação municipal ás moscas. Afirmam que os professores e serviçais contratados são menosprezados e mesmo perseguidos, e alegam que as vagas para Monte azul no curso de pós graduação na Unimontes estão sobrando e a secretária não indica os professores contratados. Afirmam ainda que uma professora contratada está fazendo o curso porque se inscreveu imediatamente e quando a secretaria soube, tentou anular a inscrição não conseguindo seu intento.
Perguntados sobre o nível do ensino foram enfáticos, ¨É um dos piores do Brasil¨. Reclamam das condições oferecidas e afirmam ¨ Cotizamos na compra de material de construção para reformas e para erguer paredes, fazer cozinha e melhorar os prédios que chamam de escola ¨. A escola municipal de Canabrava funciona dentro de uma antiga igreja católica que teve seu salão dividido por uma parede, a diretoria funciona separadamente em um cômodo alugado. No distrito de Riachinho a Escola Municipal Castelo Branco reparte uma sala alugada com um projeto federal. A merenda para os alunos, quando muito, dura uma semana.
O sindicato ainda questiona querendo saber quem são os membros no município do conselho responsável pelo FUNDEB – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica. Eles querem saber para onde está indo o dinheiro repassado pela União ao município para ser gasto exclusivamente com a educação.
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ResponderExcluirSegundo o saudoso Tancredo Neves,Presidente manda nada.Governador pensa que manda.Quem manda mesmo é Prefeito.E quando este coloca alguém pra mandar em seu lugar?...
ResponderExcluirSALVE-SE QUEM PUDER...