domingo, 9 de agosto de 2009

CASAS RACHADAS POR EXPLOSÕES ACABAM NA JUSTIÇA.









A comunidade de Pedreiras, vila ás margens da linha férrea que se localiza a cerca de 25 quilômetros de Monte azul, sede do município, foi escolhida pela T AMASA ENGENHARIA S/A para ali explorar a pedreira que dá nome a localidade. A empresa ganhou a licitação para execução dos serviços de melhoramento e pavimentação do trecho Gameleiras a Catuti tendo como cliente o DER/MG - Obra 296.

Com cerca de 50 casas e aproximadamente 250 moradores, em sua maioria de subsistência na agricultura e pecuária, a comunidade viu com bons olhos no final do ano passado a instalação dos equipamentos para esmagar as pedras transformando as em britas e pó de pedra para confecção de bloquetes de concreto a serem utilizados na pavimentação intertravada no trecho a ser asfaltado, mas que conforme o projeto do PROACESSO do Governo Estadual não utiliza massa asfaltica nas ruas das comunidades atingidas pela obra. Seria uma oportunidade de empregos para os locais, e movimentação do pequeno comércio embora a rodovia Catuti/Gameleiras não passe por Pedreiras. A obra terá 41 quilômetros após conclusão prevista para dezembro pela Tamasa, sendo que 17 destes esta dentro do município de Monte azul.

Com inspeção do DER, segundo funcionários da TAMASA ENGENHARIA S/A no local, os equipamentos montados na área de propriedade Governo Federal sob a responsabilidade da SPU – Secretária de Patrimônios da União, pois pertenciam a extinta RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A seriam abastecidos com pedras arrancadas com máquinas após explodidas com dinamites a cerca de 50 metros dos equipamentos e 100 metros das primeiras casas da vila de Pedreiras. A extração das pedras inciou a uns cinco metros de altura e por fim terminaram por serem feitas em um buraco que hoje é uma cratera de aproximadamente 10 metros de profundidade em uma área de mais de 400 metros quadrados.
Segundo o engenheiro Felipe Curi, gerente da obra, a TAMASA ENGENHARIA S/A tem autorização do DER-MG para explorar a Pedreira mas não soube informar detalhes do contrato de exploração por ter chegado posteriormente.
A unidade regional do DER/MG, com sede em Janaúba, informou que a pedreira que está sendo explorada para a obra Gameleiras-Catuti foi liberada pelos orgãos ambientais, sendo que o terreno de propriedade do Sr. Alcir Rodrigues Chaves conforme contrato assinado com o DER/MG e a construtora TAMASA ENGENHARIA S/A.Em Catuti e na comunidade de Pedreiras todos informam que o terreno é da União e o Sr. Alcir apenas explora seu uso sem conhecimento do legítimo proprietário e que ele faz o mesmo com outras propriedades da extinta RFFSA.

BOMBARDEIO EM TEMPOS DE PAZ.


Com as primeiras explosões parecia que tudo ia cair em cima da gente e de nossa família, disse Valter de Teotoni que é um dos moradores que reside mais próximo ao local das explosões e é sócio com o cunhado em uma queijeira. ¨ Embora vivendo em um local sem querras agora dá para ter uma idéia do que é ser bombardeado ¨ , conclui Valter mostrando os vidros quebrados na janela de sua fabrica de queijos e as telhas afastadas da cumeeira em sua residência.

Itamar Soares, conhecido como Tico, é tesoureiro do Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Pedreiras, a associação comunitária local, e que teve a iniciativa de iniciar um abaixo assinado pelos que tiveram suas casas danificadas pelas explosões. Ele mostra o vidro arrancado de sua janela e explica que junto ao estrondo vem um vento rápido e forte que trinca o vidro e o arranca da janela derrubando tudo que não está firme no lugar. Segundo ainda o senhor Tico, essas são as explosões mais fracas pois quando iam explodir com maior intensidade o funcionário responsável pelas segurança da firma solicitava a retirada dos moradores para o outro lado da linha, que só retornavam após cessado os riscos, modificando o cotidiano dos moradores e causando indignação das donas de casa afastadas de seus afazeres domésticos.

Já o comerciante Sebastião Soares se espantou quando uma porta metálica que dá acesso a uma construção no segundo andar de seu estabelecimento quase foi arrancada pelo impacto de uma explosão. A porta se abriu quebrando o tricô e ficou toda empenada. Sebastião afirma que não tinha um mês que ele tinha assentado a porta nova e teve que desempena la com golpes de marreta e para fechar teve que retirar uma peça de metal que recebe a fechadura.

Não é necessário ter conhecimento em engenharia ou construções para comprovar que as habitações erguidas na Vila de Pedreiras não possuem bases sólidas e são feitas com técnicas locais e orçamento reduzido de seus habitantes. As construções melhores elaboradas, como a sede da associação, a escola e as igrejas, tanto a católica como a evangélica, não demonstraram até agora terem sido atingidas pelos abalos. Segundo moradores da cidade de Catuti, a cerca de 8 quilômetros de Pedreiras, as explosões maiores são ouvidas naquela cidade e os vidros dos que moram em apartamentos tremem, apesar da distancia do núcleo da explosão.

A cerca de 5 dias a firma parou as explosões e está desmontando os equipamentos e apesar de continuar as obras de asfalto a empresa já extraiu as pedras necessárias para suas atividades. O receio da população é que fique difícil serem ouvidos pelos responsáveis da Tamasa após pararem as atividades em Pedreiras, e mais difícil ainda quando terminar toda a obra e a firma ir embora.

O conselho de Desenvolvimento de Pedreiras, através de seu presidente Dionísio Alves, Seu Dió, fez um levantamento e elaborou uma lista das casas atingidas e dos estragos causados e vai solicitar da policia militar um boletim de ocorrência dos fatos. A associação entregou nessa segunda (10) um abaixo assinado ao promotor de justiça substituto da Comarca de Monte Azul, Dr Aly Mahmoub Fayez Ayoub, e foi protocolado oficio ao Ministério Público providencias aos fatos. A comunidade quer o conserto dos estragos, mas admitem trocar tudo por algum beneficio coletivo como calçamento ou praça de uso público

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