Para desespero de José Serra e desconforto da mídia corporativa, que blinda o ex-governador paulista, o livro Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., é fenômeno de vendas.
A primeira edição, 15 mil exemplares, esgotou-se no dia do lançamento, 9 dezembro. Na segunda-feira, 12, a Geração Editorial decidiu reimprimir 30 mil. Na terça, subiu para 50 mil. “Mas já aumentamos para 80 mil cópias”, contou-me há pouco Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial. “Elas chegarão às livrarias nesta sexta-feira.”
Tudo isso graças à internet e às redes sociais, já que a grande imprensa com raras exceções tem silenciado sobre o livro.
Aliás, especulou-se muito na terça-feira que a Folha de S. Paulo finalmente publicaria nesta quarta uma matéria sobre o livro. Circulou também a informação de que, Serra, quando soube, teria ligado enfurecido para a direção do jornal, cobrando a não publicação.
O fato é que hoje, quarta, a Folha não veio com matéria sobre A Privataria Tucana. Será que Serra conseguiu “sensibilizar” a Folha com seus argumentos? Ou será que a matéria virá na edição desta quinta-feira?
Sintomaticamente, nesta quarta, a Folha ressuscitou ao “seu estilo” o chamado “mensalão”, para desviar o foco, tentando jogar no ventilador petista o que está abundando no poleiro tucano.
Serra não refuta provas, prefere desqualificar "A Privataria Tucana"
José Serra não muda. Continua o mesmo, só fala sobre o que quer, quando quer e quando faz a suprema concessão de concordar que os jornalistas lhe perguntem o que precisam e não o que ele quer.
Agora, ele simplesmente se recusa a responder às provas arroladas no livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que falam de sua participação, de parentes e de contra parentes e amigos no processo de privatização deflagrado pelo tucanato entre 1995 e 2002.
“Vou comentar o que sobre lixo? Lixo é lixo”, respondeu José Serra ao ser questionado sobre o livro. Já seu companheiro-rival no PSDB, com quem ele trava uma queda de braço para ser candidato a presidente, de novo, em 2014, senador aécio Neves (PSDB-MG), respondeu a respeito com uma recomendação: "Não é uma literatura que me interesse. Os que se interessarem devem lê-lo".
Aécio recomenda leitura do livro
Os dois compareceram, ontem, à inauguração de uma sala da liderança tucana na Câmara, que tem o nome de Artur da Távola, o pseudônimo com que ficou conhecido o jornalista e senador Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros Nascimento (PSDB-RJ), também crítico de TV do jornal O Globo, falecido em 2008.
"A Privataria Tucana" demandou 12 anos de pesquisas do jornalista Amaury Ribeiro Jr. e nada menos que 100 de suas 334 páginas - quase 1/3 - são ocupadas por documentos, muitos destes relativos a depósitos bancários feitos em paraísos fiscais do Caribe, à época das privatizações e atribuídos a parentes, contra parentes, amigos e aliados de José serra, como o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio.
O livro está sendo considerado a mais completa e documentada denúncia, com riqueza de detalhes, das falcatruas cometidas nos processos de privatizações de empresas públicas durante o governo FHC (1995-2002).
Da tribuna, parlamentares denunciam silêncio da mídia
A propósito do livro, parlamentares da bancada do PT na Câmara tem ocupado a tribuna para criticar o “silêncio da mídia” a respeito do livro. Para o deputado Amauri Teixeira (PT-BA), “o Partido da Imprensa Golpista (PIG), que inclui a Revista Veja, o jornal O Globo e a Folha de São Paulo, entre outros, ignorou as denúncias feitas no livro, comprovadas documentalmente, sobre a corrupção tucana”.
“Gostaria que a mídia desse o mesmo destaque a esse fato, como faz quando destaca que a presidenta Dilma Rousseff tem que tomar alguma atitude. A diferença é que, quando há denúncia, o governo federal inicia investigação e, constatando que a denúncia é válida, expurga o denunciado, mostrando que não se coaduna com a corrupção”, frisou Amauri Teixeira.
Já o deputado Cláudio Puty (PT-PA) lembrou que a “grande negociata” das privatizações do governo FHC foi denunciada pela primeira vez pelo jornalista Aloysio Biondi, no livro Brasil Privatizado, em dois volumes. “Biondi relatou detalhadamente como foi a entrega do patrimônio a preço de banana e o envolvimento de figuras coroadas do PSDB. Agora, o livro de Amaury traz a sistematização e documentação do que já era conhecido desde o início dos anos 2000”, disse.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), por sua vez, considera que o silêncio da imprensa revela “cumplicidade”. “O silêncio da mídia tradicional frente a todo o material publicado revela cumplicidade espantosa, afinidade e confirma a gravidade do que o livro traz. Por outro lado, documentos muito menos consistentes têm sido suficientes para pautar os grandes veículos de comunicação do Brasil”, ressaltou
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