sexta-feira, 23 de março de 2012

Aécio e assessoria não distinguem legal de imoral

Três servidores comissionados recebem, além do salário do Senado, remunerações por integrar conselhos de empresas do estado.
Entre 2003 e 2010 Minas Gerais foi governada por Aécio. Desde o ano passado o estado segue sob o comando de seu afilhado político Antônio Anastasia, também do PSDB. Como no Senado ninguém é obrigado a bater ponto e as estatais exigem a presença dos assessores de Aécio em no máximo uma reunião mensal, é possível turbinar os rendimentos em até 46%.
Nomeado assessor técnico de Aécio em fevereiro de 2011, o administrador Flávio José Barbosa de Alencastro recebe R$ 16.337. No Conselho de Administração da Companhia de Abastecimento de Minas (Copasa), ele tem direito a até R$ 5.852 por mês, totalizando R$ 22.190. A política de remuneração da Copasa, enviada à Comissão de Valores Mobiliários, diz que em 2011 foram reservados mais de R$ 630 mil para o pagamento dos nove conselheiros. Metade é paga como parcela fixa mensal e o restante, conforme a participação nas reuniões. Alencastro foi eleito para o conselho em 15 de abril, menos de um mês após a nomeação no Senado.
Rotina
Também assessora de Aécio, com salário de R$ 16.337, a jornalista Maria Heloísa Cardoso Neves recebe jetons de R$ 5 mil por mês da Companhia de Desenvolvimento Econômico de MG (Codemig) para participar, obrigatoriamente, de três reuniões anuais do Conselho de Administração. E, por vezes, de encontros extraordinários. Em 2011, foram três. Heloísa foi indicada em 2004, pelo então governador Aécio, e admitida pelo Senado em 2011. Ela diz que sua atribuição é, sobretudo, cuidar de estratégias de comunicação e projetos ligados à área.
Assistente parlamentar do senador, Maria Aparecida Moreira, trabalha como atendente no escritório político do tucano na capital, com salário de R$ 3.202 pago pelo Senado. A Companhia de Habitação (Cohab-MG) lhe garante R$ 1.500 mensais por integrar o Conselho de Administração. Segundo o órgão, os integrantes participam de "até uma reunião ordinária mensal". A assessora está no conselho desde 2003 e no Senado desde agosto de 2011.
Irregularidades x imoralidade
Questionado, Alencastro não se pronunciou. Heloísa Neves e Maria Aparecida disseram que não há irregularidade e que a documentação referente aos conselhos foi entregue ao Senado, sem objeções. A Casa não se pronunciou sobre o acúmulo de cargos.
Aécio informou, via assessoria, que não há vedação legal ou incompatibilidade entre as funções. Alegou que a acumulação indevida, prevista na Constituição, não se aplica a esses casos e que o STF, em medida cautelar, acolheu esse entendimento. Aécio disse que os funcionários cumprem carga horária regular no Senado.
O que o ex-governador mineiro e seus assessores não entederam ainda é que existe uma sutil diferença entre ilegalidade e imoralidade. Mesmo não sendo considerada ilegal, o fato de assessores que não cumprem obrigatoriamente horário de trabalho em nenhum de seus dois "empregos" e recebem mais de R$ 16 mil em salários pagos pelo contribuinte por mês é imoral.
Informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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