sexta-feira, 6 de julho de 2012

A real alucinação aeciana.

Colírio alucinógeno. Só pode ter sido isso que Aécio usou, tomando emprestado do Zé Simão, para escrever o onírico festival de besteiras em seu artigo semanal.
Para ele, o Plano Real é a fonte de tudo de bom que aconteceu no país, nos últimos 18 anos. Ele lista benefícios que, só por meio de mágica ou muita desfaçatez, podem ser atribuídos à estabilização da inflação.
Primeiro ele blefa, nivelando Itamar a FHC. O plano foi de responsabilidade de Itamar Franco e correspondia a um gabarito internacional de combate à inflação, fabricado por agências internacionais. E FHC foi apenas o beneficiário político e eleitoral do Plano.
Segundo, falar do PROER (plano de injeção de dinheiro público em bancos fraudadores e em falência) sem explicar que muitas operações criminosas foram bancadas com dinheiro do povo é oportunismo e cumplicidade. E dizer que criminosos foram “indenizados” e somente acusados de incompetentes, já que nenhuma auditoria séria foi feita nessas instituições (bancos Nacional, Econômico, Bamerindus etc), também é outra omissão na analítica rasa do senador Neves. Foram 50 bilhões de Reais, a preços contemporâneos, que cobriram rombos de bancos que se especializaram nos ganhos com a inflação galopante e em operações financeiras temerárias, criminosas, que nunca foram investigadas. E Aécio elogia isso! Ou seja, ele elogia a estatização de prejuízos herdados da “moeda” inflacionária precedente e de falcatruas nunca investigadas nos bancos privados!
Terceiro, ele infere que a universalização da saúde e da educação foi consequência direta do Plano Real. Que coisa: algo incompleto nos dias atuais, a educação e a saúde já foram “obras acabadas” em seu raciocínio tosco. Esse tipo de raciocínio estupra todos os processos históricos de luta social que resultaram no SUS e nos avanços educacionais que, aliás, precisam ainda avançar muito.
Noutra dimensão, ele “se esquece” de que o Plano Real era um pé, de um tripé. As privatizações de empresas de telefonia, de mineração, de energia elétrica, de siderurgia etc foram um outro pé. Um pé barato, diga-se de passagem. Verdadeiras doações de patrimônio público que comprometeram a soberania nacional. O terceiro pé foi o sucateamento das universidades e do ensino técnico, da saúde, dos órgãos fiscalizadores, o arrocho salarial de servidores federais, a falta de concursos, o fator previdenciário e todas as demais “expropriações” de direitos trabalhistas e sociais que FHC conseguiu perpetrar.
Bem-vindo ao “deserto do Real”, senhor Aécio; parafraseando um título de um livro Slavov Zizek.
A URV, base do Plano Real, não é uma pílula alucinógena que o personagem Morpheus (Laurence Fishburne, do filme Matrix) ofereceu a Vossa Excelência, o pretenso Neo (Keanu Reeves) da saga tucana. A URV foi um artifício de estabilização monetária que não teve o poder de criar programas sociais e alterar as condições, no Brasil,  de saúde, educação, moradia, saneamento etc. Somente em sua cabeça é que isso pode ter sido alcançado.
Haja colírio alucinógeno!
Fonte – Minas sem censura

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