domingo, 18 de abril de 2010

Projetos de extração de minério de ferro e construção de ferrovia nos municípios de Rio Pardo, Grão Mogol e Salinas recebe apoio do governo estadual.


Alta do preço acelera projetos em MG
15/04/2010 - Valor Econômico
As perspectivas de alta no minério de ferro têm acelerado investimentos fora do quadrilátero ferrífero em Minas Gerais. Depois de anunciar, na terça-feira, protocolo de intenções com a Mineradora Minas Bahia (Miba) de R$ 3,6 bilhões para extração e beneficiamento do minério no norte do Estado, o governo mineiro deve divulgar nas próximas semanas um investimento de R$ 3,2 bilhões da Sul Americana de Metais (SAM).
Os projetos estão em regiões próximas. O da Miba entre Grão Mogol e Rio Pardo de Minas e o da SAM, entre Salinas e Grão Mogol. Ambos contam com participação significativa de capital chinês.
Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento de Minas Gerais, Sérgio Barroso, o investimento da SAM está sendo negociado com a Votorantim Novos Negócios, uma empresa de "venture capital" da holding da família Ermírio de Moraes. "Sabemos da participação chinesa, mas são eles que estão conduzindo as tratativas conosco", disse Barroso.
Em janeiro, a Votorantim firmou um acordo para vender o projeto para a chinesa Honbridge Holdings Ltd., sediada nas Ilhas Cayman e com escritório central em Hong Kong. O projeto prevê iniciar produção de 25 milhões de toneladas de minério em "pellet-feed" ao ano a partir de 2014, com beneficiamento em Minas e escoamento por meio do litoral da Bahia. Segundo divulgou em janeiro um dos sócios do empreendimento, o geólogo João Carlos Cavalcanti, os chineses ficariam com mais de 90% do capital da SAM, mas os antigos acionistas permaneceriam na empresa para garantir suporte à implantação do projeto. De acordo com um memorando de entendimento divulgado no fim do ano passado pela Honbridge, o grupo Votorantim estaria à frente do empreendimento até o início da operação da mina, devendo negociar todas os acordos e licenças com as partes governamentais.
Segundo um relatório da Honbridge disponível na página da empresa na Internet, o aporte previsto é de US$ 2,6 bilhões na execução do empreendimento, sendo US$ 422 milhões para a mina, US$ 828 milhões para um mineroduto de 470 quilômetros para transportar o minério (na forma de polpa), US$ 326 milhões para um terminal portuário ao norte de Ilhéus (BA) e US$ 1 bilhão para uma unidade de produção de pelotas de ferro. A projeção de lucro Ebitda era de US$ 758 milhões em 2015 e uma receita na ocasião de US$ 1,25 bilhão anuais.
O documento menciona a hipótese de pleitear linhas de financiamento oriundas do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE), gerido pela Sudene, ou do Fundo Constitucional do Nordeste, operado pelo Banco do Nordeste. Os autores do documento observam que os investimentos podem ser reduzidos em 20% com a importação de máquinas e equipamentos chineses para todas as etapas do projeto.
"Como o teor do minério de ferro no norte de Minas é baixo, os investidores sempre procuram negociar um pacote de vantagens para melhorar a margem. No caso da SAM, eles estão pedindo contrapartidas na questão tributária. No caso da Miba, a preocupação era em relação à logística de transporte", afirmou Barroso. Segundo o secretário, o governo mineiro procura ainda mudar o formato do projeto que envolve a Votorantim para substituir o mineroduto por uma ferrovia, "que permite maior geração de empregos", de acordo com Barroso. Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o grupo Votorantim não destacou interlocutores para comentar o tema.

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