terça-feira, 26 de julho de 2011

Espinosa se firma como capital nortemineira de confecções.

Cerca de 1 mil quilômetros separam Espinosa, na Região Norte de Minas, de Além Paraíba, na Zona da Mata. Mas esta não é a única grande distância entre elas.
Estudo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), coloca as duas cidades nas extremidades da tabela que mapea a geração de vagas formais no estado. Levando-se em conta apenas os percentuais calculados pela pasta comandada pelo ministro Carlos Lupi (PDT), Espinosa lidera o ranking de expansão de carteiras assinadas nos últimos 12 meses. Lá, o emprego formal subiu, impulsionado pelo setor de confecções, 18,68% entre junho de 2010 e o mês passado. Em Além Paraíba, onde a construção civil fechou a maioria dos postos de trabalho (60,51%), a estatística despencou 16,71%. Em Belo Horizonte, o percentual foi positivo em 8,05%, acima das médias de Minas Gerais (7,13%) e do Brasil (6,41%). 
O Caged pesquisa os municípios brasileiros cuja população mínima é de 30 mil pessoas. Em Minas Gerais, foram levantados os dados de 100 cidades. Espinosa, a 686 quilômetros de Belo Horizonte, abriu 846 vagas no período. O número absoluto parece pequeno, mas é bom lembrar que a população da cidade soma cerca de 31 mil moradores. Se for levado em conta o número absoluto, a liderança caberá à capital mineira, com saldo de 76,4 mil vagas. Em Espinosa, o Caged constatou que o crescimento de 18,68% se deve à construção civil, com aumento de 28,12%, ao segmento de serviços (18,66%) e, principalmente, à indústria de transformação. 
O percentual de empregos formais no setor, alavancado pelas confecções, sendo a maioria de pequeno porte, registrou aumento de 36,79%. A cidade, que no passado foi considerada a maior produtora de algodão do Norte mineiro, deseja pegar carona no aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras para se transformar num polo têxtil. Alguns já investem na ampliação da fábrica, como Juciano Duarte, dono da D’Jak Indústria e Comércio de Confecções Ltda., especializada em camisa social masculina. “Comecei, há 13 anos, com três empregados. Hoje, tenho 30 funcionários diretos e outros terceirizados. Minha estrutura ficou pequena e precisei ampliar o espaço físico. Vou inaugurar um andar (sobre minha fábrica) na próxima semana”, disse.
Ele acrescenta que “haverá mais contratações”, mas não revela quantas pessoas a mais serão empregadas. Boa parte de sua produção vai para fora de Minas: “Enviamos (camisas) para Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Ceará e, recentemente, começamos a distribuir no Rio Grande do Norte”.
Alavanca da moda
A firma de Jackson Balieiro, dono da Duarte e Balieiro, especializada na moda jeans masculina e feminina, também atende lojas fora do estado. “Cerca de 60% das peças vão para São Paulo, Goiás, Bahia, Espírito Santo etc.”, afirma o empresário, que emprega 150 funcionários, entre diretos e terceirizados. “Há cinco anos, contava com um terço desse pessoal”. O salto do percentual de carteiras assinadas no pacato município ajudou a renda per capita de Espinosa a registrar, segundo levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP), crescimento acima das médias estadual e nacional entre 2000 e 2010. 
Enquanto o aumento anual do indicador na cidade do Norte de Minas subiu 5,28% no período, de R$ 210,06 para R$ 351,27; a do estado aumentou 3,66%, de R$ 539,87 para R$ 773,41. A do Brasil obteve o mesmo índice, indo de R$ 580,22 para R$ 830,85. O aumento da renda per capita e do percentual de carteiras assinadas deixam comerciantes otimistas. Na loja de roupas de Ana Rodrigues Muniz, no Centro, “as vendas subiram de 20% a 30%” na comparação entre o primeiro semestre e igual intervalo do ano anterior.
O outro lado da moeda
A brusca queda de 16,71% postos de trabalho em Além Paraíba, a 380 quilômetros de Belo Horizonte, representou 1.165 postos de trabalho a menos nos últimos 12 meses, saldo da abertura de 2.687 vagas e da rescisão de 3.852 contratos. O recuo é justificado pela proximidade do término da obra da usina hidrelétrica de Simplício, no Rio Paraíba do Sul, iniciada pela estatal Furnas no fim de 2008. O empreendimento, que também abrange o município vizinho de Chiador e duas cidades do estado do Rio de Janeiro – Sapucaia e Três Rios –, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e está orçado em R$ 2,2 bilhões. A energia produzida terá capacidade para abastecer uma cidade com 800 mil moradores.
A obra abriu muitos postos de trabalho na construção civil da cidade – a prefeitura não soube informar o número exato. Mas um indicador mostra que esta estatística não é baixa: 2.196 vagas formais no setor foram fechadas, nos últimos 12 meses, na cidade. Como o segmento abriu 783 postos no mesmo período, o saldo ficou negativo em 60,51%. “A economia foi afetada um pouco”, disse o vice-prefeito e secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, Oberdan Moreira Rocha.
Ele acrescenta, porém, que a administração está trabalhando para fortalecer os microempreendedores e aproveitar as condicionantes que a obra trouxe para o mercado de turismo na cidade, com cerca de 35 mil habitantes. A construção da usina beneficiou a arrecadação do município com o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). A cidade já recebeu cerca de R$ 8 milhões referentes ao tributo.

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