quarta-feira, 27 de julho de 2011

Aécio articula braço sindical no PSDB

Com vistas à eleição de 2014, o senador e ex-governador Aécio Neves (MG) articula a aproximação do PSDB ao movimento sindical e reforça sua base junto à segunda maior central do país, a Força Sindical. No dia 20 de agosto, o tucano filiará 150 sindicalistas ao partido, em Minas Gerais.O PSDB prepara um grande evento para marcar a filiação, com a presença do presidente nacional do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), além de Aécio e do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB). A Força Sindical, segundo a central, tem 215 sindicatos no Estado e uma base estimada em dois milhões de trabalhadores. Além de integrantes da Força devem migrar trabalhadores da UGT e da Nova Central Sindical e filiados ao PMDB e PTB.
Ao criar um braço sindical no PSDB mineiro, Aécio tenta atrair dissidentes do PDT, incomodados com o tratamento que a presidente Dilma Rousseff tem dado a partidos da base aliada no Congresso. A cúpula da Força Sindical é filiada ao partido, a exemplo do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e o presidente da central, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP).
Em troca, o PSDB mineiro acena com o lançamento de candidaturas desses sindicalistas na disputa municipal de 2012. O objetivo é reforçar o partido em centros industriais, como Betim e Contagem.
O comando nacional da Força Sindical não criará obstáculos para a migração de dezenas de sindicalistas para o PSDB. "É um processo natural", desconversa Paulinho. "Temos filiados de diferentes partidos. Não exijo carteirinha de filiação ao PDT para ser da Força", diz.
Paulinho faz elogios a Aécio e à "nova postura do PSDB", de buscar apoio no movimento sindical. Ao mesmo tempo, critica a atuação da presidente Dilma na condução da crise envolvendo o PR, partido da base aliada, e o Ministério dos Transportes. "Dilma tem que combater a corrupção, mas está errando no tratamento com aliados. Esse tipo de relação nos preocupa, não é um modelo bom. Tem que tratar com tranquilidade, não como se todos fossem bandidos", afirma o dirigente. "Se for assim, se esse tratamento valer para toda crise, teremos que tratá-la [Dilma] dessa forma quando houver uma denúncia envolvendo a presidente", diz Paulinho.
A Força apoia, ao mesmo tempo, PT e PSDB. Em 2010, a maioria dos dirigentes da central ficou ao lado da candidatura presidencial de Dilma Rousseff. Em Minas, estiveram com os tucanos Aécio e o governador Antonio Anastasia, reeleito. No início da gestão Dilma, a central e o PDT assumiram uma postura diferente em relação ao governo, na votação do salário mínimo. A aliança entre governo, partido e Força se abalou. Em Minas, no entanto, o convívio não se alterou. Outra frente de aproximação da central com tucanos se deu em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin.
Em Minas, o presidente da Força Sindical estadual, Rogério Fernandes, do PDT, negociou a filiação em massa de sindicalistas com Aécio e com o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana. Em troca, Fernandes será candidato do PSDB a uma cadeira para a Câmara Municipal de Belo Horizonte. "O PSDB nunca foi próximo do movimento sindical. Aécio é parceiro nosso e nos procurou para construir esse braço sindical no partido", diz Fernandes. De saída do PDT, partido da base aliada ao governo federal, o sindicalista critica a gestão de Dilma. "Em pouco tempo de governo, nós já vimos vários desvios. Não precisamos conviver com isso", diz.
A aproximação de Aécio com as centrais será uma das bandeiras do senador dentro do partido para lançar-se em 2014, afirma o presidente estadual do PSDB. "O partido passa por um processo de reestruturação e modernização e Aécio mostrará que tem uma visão contemporânea, ao buscar respaldo nos movimentos sociais", comenta Marcus Pestana.
O cientista político Rudá Ricci analisa que a movimentação de Aécio deve ser usada tanto pelo PSDB quanto pelo PDT: o tucano reforçaria sua candidatura, e os pedetistas, seu poder de negociação junto ao governo federal. "É um jogo inteligente do PDT. O partido ameaça o governo sem falar nada", comenta.
No Estado, a principal crítica à atuação de Aécio vem da CUT. Para o secretário-geral da central em Minas, Carlos Magno de Freitas, a Força está sendo "cooptada".

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