Algemados, de chinelos e com a roupa alaranjada do sistema prisional mineiro. Os nove vereadores de Fronteira, no Triângulo Mineira, acusados de desvio de verba, trocaram o terno e a gravata e se apresentaram ontem com esse uniforme para audiência no Fórum de Frutal. Presos na segunda-feira, os parlamentares passaram a noite sem as regalias de costume. Dormiram em uma cela e comeram da quentinha preparada pela penitenciária — com feijão, arroz, carne e salada.
O grupo foi afastado pela Justiça em 8 de fevereiro por ter desviado R$ 570 mil dos cofres públicos e preso, na última segunda, sob o acusação de continuar usando indevidamente dinheiro público para satisfazer interesses particulares. A razão da detenção, segundo o Ministério Público, foi a contratação de uma empresa de contabilidade, ao custo de R$ 5 mil, em nome da Câmara, para tentar derrubar as provas da promotoria ajuizadas em uma ação civil pública contra eles. A denúncia do desvio de dinheiro foi encaminhada à Justiça em dezembro e os vereadores contrataram a empresa em janeiro. O ato foi visto pela promotoria como uma ameaça à ordem pública e ao erário municipal.
Conforme o Correio/Estado de Minas mostrou com exclusividade em 22 de janeiro, o dinheiro desviado daria para comprar 169 mil litros de combustível, o suficiente para dar 54 voltas ao redor da Terra. Os vereadores são suspeitos ainda de terem usado os R$ 3 mil mensais da verba indenizatória para bancar despesas pessoais em rodízios de carne, rodadas de chope e garrafas de vodca, entre outros gastos. Eles estão sendo processados por formação de quadrilha, peculato (desvio de dinheiro público) e atos de improbidade administrativa. São acusados ainda de enriquecimento ilícito e dano ao erário, devido ao mau uso da verba indenizatória, criada em 2008 por eles.
Em audiência, os vereadores disseram que usavam o dinheiro da Câmara Municipal para prestar serviços à comunidade, como levar as pessoas a velórios, festas e casamentos.
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