O Brasil que vive nos maracatus, nos moçambiques, na taieira, na folia de são Benedito, no candomblé de angola, nas cavalhadas, no terno-de-congo, no batuque do jongo e na dança do semba torce pelo quilombo do Gorutuba, pela vitoria de Mariano, ainda que ele não viva.
O superintendente estadual do Incra, Carlos Calazans, compareceu ao velório do líder comunitário Mariano e em entrevista ao jornalista Girleno Alencar prometeu acelerar o processo de reconhecimento da comunidade quilombola.
A morte do líder e mais oito pessoas, sendo que sete eram negros como Mariano e residentes no município de Catuti e pertencentes de quilombo do Gorutuba,aconteceu a caminho de apresentação cultural.
Essas mortes não podem passar despercebidas pelos movimentos sociais, culturais e mesmo classistas.
Houve mortes e a Lei reza que tem que haver inquérito, isso é certo. Detalhes devem ser apurados, como o burburinho que circula na cidade que o motorista Sinval estava de férias e não queria fazer a viagem. Foi forçado pela administração.
Quando saiu de sua residência Sinval tinha como objetivo se dirigir ao mercado municipal local e abrir um barzinho de sua propriedade, tanto que não portava documentos e isso foi constatado pelos soldados bombeiros que atenderam ao sinistro.
Há também a reclamação dos trabalhadores municipais da área de transporte da falta de manutenção adequada aos veículos da prefeitura, tanto que reclamaram que a Van do acidente estava com o volante muito duro.Um pneu estourar e uma roda soltar na mesma viagem caracteriza mal condições de utilização, principalmente que a Van estava a serviço da educação, presumindo se o transporte de crianças.
O desvio de função esta claro quando se constata que os transportados não eram estudantes, além do ilícito do excesso de passageiros.
Não obstante os culpados pela tragédia, fato irreversível infelizmente, temos que tomar atitudes quanto ao futuro. Digo não somente a prevenção de futuros acidentes, mas também quanto ao futuro dos quilombolas e todos os menos favorecidos do município e da região.Pobreza material e de conhecimento, ou vontade para se fazer cumprir, foi fato relevante nessas mortes.Aceitaram serem transportados sem cinto e apertados em uma Van que se mostrava problemática. Se a comunidade tivesse seu próprio meio de transporte, seus meios de comunicação e liberdade de expressão talvez conseguisse ver que o transporte do grupo não era um favor, mas um direito. Direito a um tratamento digno.
Resta a todos que falharam até agora, ajam. Resta ao Incra fazer seu trabalho e reconhecer os remanescentes de quilombolas, que cumpra a Lei. Ter a propriedade das terras onde seus ancestrais foram pioneiros e um bom inicio de conversa. Esta comprovado que aqueles que detém os documentos das terras hoje compraram de grileiros e falsários, quando não são eles próprios os bandidos, portanto não tem amparo legal.
Nunca é demais lembrar que o sociólogo e professor da Unimontes João Batista Costa, a cerca de oito anos, iniciou um trabalho em visita a comunidade de Maravilha,Cento e Onze e Malhada Grande para estudar a origem do povo dessa comunidade, e aquela parte de seus estudos que tinha previsão para uma semana durou apenas dois dias, pois foi expulso sob ameaças dos filhos do maior proprietário de terras do município, conhecido como Lé Pinheiro. E seus dois filhos, violentos com o trabalho de Joba Costa, são hoje o prefeito Helio Pinheiro e o assessor João Marcos.
Resta aos movimentos sociais, principalmente os que defendem os direitos dos quilombolas como o ASA,CAA e a fundação Palmares, dentre outros, não deixarem que a terra que no tumulo cobriu os corpos dos afro descendentes não cubra também a tragédia e os direitos desse povo. Ofícios e telefonemas aos órgãos competentes é um bom começo de ação.
Resta a esperança que a morte desse grupo não seja a morte desse povo, e que o desejo e o compromisso de lutar pelos direitos persevere nesse povo e nessas comunidades.
Desejos e compromissos ainda mais fortes, como é forte o soar de seus tambores, seus batuques, os ajudem somar a coragem de Mariano e dos combatentes que ficaram no ¨campo de batalha¨em uma união em prol da vitória.
A luta continua...
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