Movimento de prevenção ao câncer de mama mobiliza centenas de mulheres
Montes Claros recebeu, no último sábado, as ações do Outubro Rosa, movimento que está acontecendo em toda Minas Gerais com a proposta de conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama e promover o acesso ao tratamento à doença.
O movimento, chamado Dia Rosa, atraiu centenas de mulheres à Praça da Catedral, no centro da cidade, local onde foi estacionado o Mamógrafo Móvel, caminhão equipado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais para a realização de mamografias.
Maria de Fátima Soares dos Reis, moradora do bairro Jardim Primavera, região norte de Montes Claros, foi a primeira a chegar à Praça da Catedral. Aos 49 anos, ela diz que é primeira vez que realiza o exame. “Fiquei sabendo do movimento pelo jornal e decidi vir. Sempre tive vontade de fazer o exame, mas tinha vergonha. Como minhas vizinhas estavam vindo, tomei coragem”, conta. Maria de Fátima diz que sabe que é preciso fazer o exame de prevenção, mas às vezes por comodismo e por ter boa saúde acaba deixando para depois. “A gente tem preguiça de procurar informações, acha que nunca vai ter nenhum problema”, observa.
Assim como Maria de Fátima, outras 264 mulheres também apareceram para fazer o exame. O programa previa o atendimento a 50 mulheres no Mamógrafo Móvel, mas, no mesmo dia, mais 15 mulheres foram atendidas pelo serviço de mamografia da Santa Casa de Montes Claros. As outras 200 inscritas foram medidas, pesadas, preencheram as fichas de anamnese e receberam encaminhamento para serem atendidas, a partir de segunda-feira, nos serviços oferecidos no município. No encaminhamento consta o endereço e o horário do atendimento. “Ficamos muito felizes com a mobilização das mulheres em Montes Claros. As políticas públicas de saúde só podem dar resultado se realmente houver conscientização e envolvimento das pessoas. A prevenção do câncer requer antes de tudo a iniciativa pessoal, a busca pelo autocuidado, já que não é possível detectar a doença sem o exame. Sem dúvida, a iniciativa do Governo de Minas encontrou uma grande aceitação em nossa região”, avalia a superintendente regional de saúde, Olívia Pereira de Loiola.
Responsável pela coordenação do Dia Rosa em Montes Claros, o ginecologia e obstetra Anderson Gonçalves de Souza diz que o município está totalmente mobilizado para continuar com as ações do movimento. “Nossa expectativa é realizar 3000 exames/mês até que todas as mulheres entre 45 e 69 anos da região tenham passado por uma avaliação preventiva”, planeja.
AÇÕES EM MONTES CLAROS
Além da mamografia, também foram realizados na Praça da Catedral 200 testes de glicemia capilar e 300 aferições de pressão, não só nas mulheres, mas também em seus acompanhantes. Antônio Macedo, que acompanhava a esposa Maria Lúcia Granjeiro, de 58 anos, aproveitou para fazer os exames. “Minha mulher é descuidada com a saúde e sozinha ela não viria. Casal é assim, quando um é descuidado, o outro tem que dar apoio, estimular. Aproveitei a oportunidade para fazer um check up”, diz. A esposa Maria Lúcia diz que fez mamografia uma única vez, mesmo assim por recomendação médica. “Tenho medo de descobrir que estou doente”, ressalta.
Anderson Gonçalves explica que o medo de Maria Lúcia é muito comum e talvez um dos principais motivos para a mulher não fazer o exame. Segundo o obstetra, que é responsável técnico pelo programa Saúde da Mulher no município, em 2010 foram realizadas pelo sistema público cerca de 250 cirurgias em mulheres com diagnóstico de câncer de mama. “É um número bastante expressivo, isso porque cerca de um terço das mulheres só descobre que está com câncer já em estágio avançado. Se a doença é detectada quando ainda não há lesão palpável a chance de cura chega a 100%, mas se é descoberta tardiamente, a chance de cura é bem menor. Só a mamografia é capaz de detectar tumores ainda em fase inicial, quando eles são menores de um centímetro, pequenos demais para serem percebidos na apalpação”, explica.
OUTUBRO ROSA
O movimento Outubro Rosa surgiu na Califórnia (EUA), em 1997, e ganhou notoriedade ao iluminar com holofotes cor de rosa monumentos como a Torre de Pisa, na Itália, e o Arco do Triunfo, na França. Em Minas Gerais, o movimento ganhou força com o conjunto de ações de controle do câncer do Governo de Minas, através da Secretaria de Estado de Saúde. Essas ações serão implantadas de forma gradativa, até 2014 e vão impactar na redução da mortalidade em mulheres de 45 a 69 anos. Trata-se de um conjunto de ações de estímulo a mamografias por rastreamento. Os exames são realizados em mulheres acima de 45 anos, sem sintomas aparentes, que fazem a mamografia por prevenção. O Dia Rosa está sendo realizado em onze municípios polos macrorregionais de Minas Gerais.
O projeto é um recorte do Programa Viva Vida, que além da meta de redução da mortalidade infantil e materna em Minas Gerais, trabalha pela saúde integral das mulheres do Estado.
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