sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pedras de Maria da Cruz, em péssima situação, recebe equipe do cidadania ribeirinha.

Desafios e imprevistos marcaram a passagem da equipe da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, do Projeto Cidadania Ribeirinha, por Pedras de Maria da Cruz, que recebeu a equipe para desenvolvimento do Cidadania nos dias 2 e 3 de Fevereiro. Essa primeira viagem de mobilização do Cidadania Ribeirinha foi iniciada no último dia 23 e se estendeu pelos quatro municípios do projeto, todos no Norte de Minas.
O município de Pedras de Maria da Cruz, que se caracteriza por ter formato comprido e em toda sua extensão margeia o Rio São Francisco, foi o último visitado nessa fase de mobilização do projeto. As dificuldades para se chegar ao povoado de Manoel Vitório, contemplado pelo projeto, já eram conhecidas pelos munícipes que por estradas não tem acesso fácil a comunidade a qualquer época do ano, mas se multiplicaram por causa da cheia no Rio São Francisco. E o acesso até a comunidade quilombola de Palmeirinha, que deveria ser tranquilo nos nove quilômetros de estrada de terra e buracos, teve que ser concluído a pé, depois que o veículo da equipe ficou preso na lama.
Isolamento e desolamento.
Escola Municipal do Rodiador, reunião na única sala de aula.
Das 12 localidades contempladas pelo Cidadania Ribeirinha em quatro municípios (Itacarambi, Manga, Matias Cardoso e Pedras de Maria da Cruz), o povoado de Manoel Vitório foi o único que não chegou a ser visitado pela equipe da ALEMG. Por causa das cheias no Velho Chico, a equipe usou, em vez da estrada, uma canoa movida a rabeta, partindo de Januária. Entretanto, a dificuldade de desembarque na comunidade fez com que os moradores mudassem o local da reunião para Rodeador, um povoado vizinho. A escola municipal do lugarejo tem apenas uma sala.
Ali, uma comunidade sofrida e cansada de muitas promessas sinalizou de maneira clara o desafio que representa a proposta do Cidadania Ribeirinha, fazendo valer todo esforço da equipe para lá chegar. Moradores relatam que já participaram de vários encontros para implantação de cisternas, banheiros, água potável, horta comunitária e outros programas,principalmente em ano eleitoral, que nunca chegaram a ser implementados. Mas, passada a desconfiança inicial, característica dos quilombolas ribeirinhos, manifestaram também o desejo de aproveitar a chance de criar uma nova realidade, inclusive para as mulheres, que precisam de uma atividade própria que não seja somente as domesticas e ajudar os maridos na lavoura.
Já em Palmeirinha, a comunidade consciente busca reforçar a cultura e os valores quilombolas e, quem sabe, transformar essa história em um atrativo turístico, conforme projeto do sociólogo e líder quilombola Agmar Lima. Por isso, mais vagas foram reivindicadas para o curso oferecido pelo Cidadania Ribeirinha. O lugar foi reconhecido oficialmente como remanescente de quilombo há menos de um ano, mas os moradores já estão organizados, com terras divididas e lavouras consolidadas. Sem carro, a equipe passou por várias propriedades, cruzando matos, cercas e tronqueiras, até chegar à escola municipal, onde será realizado o curso. Em breve, o local terá telecentro, fruto do esforço da comunidade, que se organizou para construir o espaço adequado.
Participaram do trabalho o historiador Márcio Santos, um dos gestores do projeto, o professor Luiz Fernandes, da Escola do Legislativo e a jornalista Maria Célia Pinto, da Gerência de Imprensa e Divulgação. Os três servidores da ALMG foram acompanhados por Rodrigo Faleiro, técnico do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).

Nenhum comentário:

Postar um comentário